Angola incrementa apenas 240 USD no PIB até 2021
Angola deve registar um incremento médio anual, até 2021, de apenas 240 dólares no Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, estima o Relatório Económico de 2016, do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, apresentado ontem (21) e que antevê ainda "dificuldades para a maioria da população angolana".
De acordo com o estudo, citado pela Lusa, "nem uma modificação dos esquemas políticos e partidários", de acesso desigual ao rendimento nacional, "iria provocar um impacto significativo" sobre o modo de vida médio da população.
O PIB é a riqueza total produzida num ano pelo país, que, no caso de Angola, na previsão do Governo, deverá ascender em 2017, globalmente, a cerca de 19,7 biliões de kwanzas. Assim, refere o documento, "240 dólares de rendimento incremental para redistribuir é nada".
O relatório do CEIC, que questiona ainda a alteração do modelo de redistribuição do valor do crescimento económico "face a cenários prospectivos fracos sobre a dinâmica de crescimento da economia", enfatiza que o que haverá para distribuir até 2021 "é irrisório".
"Só um safanão na estrutura económica do país – diversificação das importações, salários condignos e capazes de gerarem poupanças, abertura da economia, valorização do capital humano, incremento da competitividade, melhoria do ambiente de negócios – será capaz de provocar alterações significativas neste cenário de degradação sistémica do viver dos cidadãos", refere o relatório do CEIC.
O estudo reforça que o crescimento do PIB é “fundamental”, mas, neste caso, será “insuficiente”, sublinhando que “o modelo de acumulação primitiva do capital, doutrina oficial do MPLA, deve cessar nos seus contornos actuais" e ser substituído por "outro mais socialmente inclusivo e economicamente gerador de externalidades".
Acrescenta que o crescimento do PIB a uma taxa inferior a 1,5% ao ano “não é bastante” para se alterarem as actuais condições de reprodução do sistema económico. "Tender-se-á por um modelo de reprodução simples", aponta. A grande probabilidade de se distribuírem melhor os resultados do crescimento económico, segundo o relatório, ocorreu entre 2003 e 2008, mas "perdeu-se a favor da doutrina oficial de, através do ‘rent-seeking’, se concentrar em grupos económicos do regime do MPLA".
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