Artur Queiroz nega autoria dos seus próprios textos
Artur Queiroz, que assina uma profusão de textos ofensivos à honra, dignidade e bom nome de indistintas individualidades angolanas, nomeadamente políticos, jornalistas, médicos e outros profissionais negou ontem, terça-feira, a autoria dos seus próprios escritos.
Perante uma juíza do Juízo Local Criminal de Vila Nova de Gaia do Tribunal Judicial da Comarca do Porto, que o julga pelo crime de difamação, Artur Queiróz negou reiteradamente a autoria dos textos.
Queiroz sentou-se no banco dos réus em virtude de uma acção intentada pelo médico nefrologista angolano Matadi Daniel a quem o réu, em 2022, qualificou como “porcalhão e carniceiro”.
No dia 29 de Junho de 2022, a propósito da situação clínica do então ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, o nefrologista Matadi Daniel publicou, no Novo Jornal, um artigo que definiu como “uma reflexão clínica independente e que tem como base, somente, os dados disponíveis, que nos são fornecidos pelos media, tanto nacionais como internacionais”, em que identificou as mais prováveis causas da enfermidade que consumia o antigo chefe de Estado. “Pelo que sabemos, e não vale a pena escamotear, José Eduardo dos Santos (JES) padece de uma doença cancerígena de evolução prolongada (mais provavelmente um tumor maligno da próstata), em que é notório o seu fácies hipocrático ou também designado fácies cadavérico, caracterizado por apresentar rosto pálido e magro, olhos “fundos” e inexpressivos, pele enrijecida e seca, ossos proeminentes e pele de “chumbo”, bem como uma redução substancial da massa muscular, o que define geralmente uma situação clínica de muito mau prognóstico, que decorre da sua doença maligna prolongada”.
Especialista em doenças renais e coronel reformado das FAA, Matadi Daniel adiantava duas prováveis causas para o coma induzido em que JES se encontrava à data.
“Provavelmente terá feito um AVC na sequência da invasão tumoral à distância” ou, uma “falência respiratória aguda inicial, com posterior paragem cardíaca, com consequente necessidade de ventilação mecânica”.
Um dia depois da publicação do texto, Artur Queiroz qualificou o médico como um “porcalhão” que teria exposto as doenças de José Eduardo dos Santos.
Segundo Artur Queiroz, o nefrologista Matadi Daniel não passaria de “um carniceiro, um porco sujo, um canalha”, por, pretensamente, haver violado “de uma forma grave a intimidade da vida privada de um cidadão e concretamente a sua esfera pessoal”.
Confrontado, em tribunal, com o grave insulto, o jornalista Artur Queiroz não só negou a autoria do texto em que difamou o médico angolano como elevou Matadi Daniel à categoria de “herói nacional e da África Austral” pela sua participação na decisiva batalha do Cuito Cuanavale, determinante para o fim das agressões militares sul-africanas a Angola.
“Não escrevo há 10 anos”, disse categoricamente. “Eu não sou o autor desse texto. Para mim, o Dr. Matadi é um herói nacional. Mas não é só herói nacional. É também herói da África Austral”, disse, surpreendendo não apenas o médico como a assistência.
Num estranho golpe de rins, Artur Queiroz prontificou-se espontaneamente a escrever um texto a demarcar-se dos graves insultos a Matadi Daniel e a “condecorá-lo” como herói nacional e da África Austral. Depois de aprovado pelas duas partes litigantes, o texto deverá ser entregue à juíza num prazo máximo de 15 dias para a necessária homologação e inserção nos autos.
Por exigência de Matadi Daniel, além do blogue Página Global, o texto que “limpa” a sua imagem terá de ser também publicado no Novo Jornal, que definiu como uma “kibanga (curral) de gado porcino”.
Em tribunal, Queiroz comprometeu-se, também, a fazer diligências junto do gestor do blogue Página Global, que afirmou não conhecer, para que doravante o seu nome deixe de ser vinculado a qualquer texto.
“Não escrevo há 10 anos. Nem sequer sei lidar com as redes sociais”, repetiu-se.
Os escritos do jornalista são publicados em https://paginaglobal.blogspot.com/.
Com esse compromisso, solenemente assumido em tribunal, “morre”, o jornalista Artur Queiroz, obrigando-o provavelmente a ressuscitar com outro nome.
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