As apostas não param, apesar do fraco acesso à internet
INTERNET. Apesar de o Censo ter confirmado que pouco mais de 10% dos angolanos tem acesso à internet, não faltam organizações empenhadas em criar sítios e portais de educação. Entre informações sobre as ofertas das universidades, há também livros gratuitos… para quem tem internet.
Os dados do Censo de 2014, divulgados em definitivo este ano, revelam que, entre a população com cinco ou mais anos de idade, apenas 10,2 % tem acesso à internet. Estes números, no entanto, não têm impedido o surgimento de portais e ‘sites’ ligados à educação, tanto entre os angolanos, como entre os estrangeiros residentes no país. Criado em 2013 por Tanda António, um estudante angolano residente em Portugal, o ‘Angola Formativa’ é um portal que fornece dados sobre o sistema de ensino superior angolano. A plataforma disponibiliza um catálogo de informações sobre as universidades angolanas. O conteúdo, cujo acesso é gratuito (desde que o consultante tenha acesso à internet), contém desde o número de cursos leccionados pelas universidades às informações sobre as estruturas e programas de bolsas.
O ‘Angola Formativa’ possui ainda uma biblioteca virtual que disponibiliza, também de forma gratuita, mais de 100 livros ligados à investigação, literatura, história, etc. No total, estão cadastradas mais de 30 universidades e institutos superiores, além das escolas que ministram pós-graduações. Grande parte das informações sobre as instituições cadastradas é adquirida através de pesquisas públicas, embora haja também a possibilidade de as próprias universidades recorrerem ao portal para se inscreverem. De forma individual, os internautas também podem adicionar cursos e informações sobre as universidades em que estudam. Tanda António, que também é co-editor do portal, entende que esta abertura “não belisca” a veracidade das informações contidas no ‘Angola Formativa’, visto que as sugestões passam “obrigatoriamente” por uma análise. “As pessoas simplesmente submetem o curso e depois é feita uma avaliação para verificar a sua viabilidade. Somente o editor tem a possibilidade de adicionar os cursos no portal”, explica o jovem de 23 anos, referindo que o contacto com as universidades é “permanente”, permitindo que se actualizem e/ou corrijam as informações.
Não apenas de angolanos, no entanto, ‘vivem’ os portais de educação no país. O espanhol Luís Verdeja, de 38 anos, criou, em Março, o ‘Educartes’. A paltaforma, que pode ser acedida gratuitamente através do endereço www.educartis.co.ao, propõe-se reduzir as dificuldades no acesso à informação sobre as ofertas de educação/formação existentes no país. O Educartis fornece informações sobre os cursos ministrados nas universidades e disponibiliza endereços electrónicos (tanto de universidades como de outras instituições de ensino) que os internautas podem usar para se inteirarem da realidade da instituição em que se pretendem inscrever. Estão disponíveis, entre outros aspectos, horários, custos dos cursos, bem como os programas. Ainda este ano, o Educartis prevê criar uma rede de bolsas de estudo, onde se possam reunir informações como o número de vagas, as instituições que as disponibilizam e os critérios de acesso. Para este trabalho, que Luís Verdeja reconhece “não ser nada fácil”, o Educartis deverá estabelecer parcerias com o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudos (INAGBE), embaixadas e outras organizações.
Embora à primeira vista o Educartis se confunda com um projecto filantrópico, Luís Verdeja, que também dirige a Jobartis, um dos maiores portais de emprego de Angola, revela que se “trata de uma organização económica”. Depois de se “constituirem as bases”, explica o espanhol, a instituição vai passar a cobrar pelas informações que as universidades solicitarem. Os estudantes, no entanto, vão continuar a aceder ao portal gratuitamente.
Além de Angola, o Educartis também possui informações educacionais sobre a Nigéria. Para se aceder aos dados daquele país, os internautas devem procurar pelo endereço www.educartis.co.ng. Na forja, estão os portais sobre a África do Sul, a República Democrática do Congo e outros países. A ideia é transformar o projecto numa iniciativa pan-africanista, onde qualquer um, usando as três línguas mais faladas no continente, se possa informar sobre as ofertas na educação.
Redes preocupam
Na internet, existem dezenas de redes sociais, algumas delas também usadas para fins educativos. O 6.º Mapa Mundial das Redes Sociais, publicado em Fevereiro pelo site Iredes, coloca o Facebook como a maior rede social do mundo, com mais de mil milhões de usuários, como instituições ligadas à educação, estudantes, professores e individualidades de diversos ramos da sociedade. Em Angola, o uso das redes sociais ainda divide opiniões, havendo quem defenda uma regulação por parte do Estado, enquanto outros as consideram autorreguladas. Em meado de 2015, o Presidente da República desafiou o parlamento a ‘repensar’ o assunto. Desde o repto de José Eduardo dos Santos, o uso das redes sociais tornou-se tema de debates nas rádios e televisões, além de palestras em universidades e escolas do ensino geral. Só na semana passada, houve duas palestras sobre o uso correcto das redes sociais em Luanda, uma na Escola de Formação de Professores ‘Garcia Neto’ e outra no Colégio Kibangas, tendo a última sido organizada por estudantes da UAN.
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