“As obras no troço estavam a dificultar o transporte de mercadorias”
ENTREVISTA. Gestor realça, em entrevista, que a conclusão das obras de reabilitação no troço entre Namibe e Menongue, deu à empresa uma nova ‘lufada de ar’, sendo que permitiu aumentar a frequência de transportação, quer de passageiros, quer de mercadorias.
A reabilitação da malha ferroviária entre o Namibe e a cidade do Menongue, operado pelo CFM, está concluída. O que isto pode significar, em termos de resultados, para a empresa?
Este facto atribui à empresa uma imagem mais moderna, digna de estar inserida num contexto de competitividade nacional. De recordar que, em termos operacionais, relançamos a actividade comercial em Setembro de 2013, actividade que vínhamos realizando paralelamente ao término das obras de reabilitação e de modernização das linhas. Felizmente, em Setembro de 2015, recebemos, de forma provisória, as principais infraestruturas ferroviárias, acto levado a cabo pelos empreiteiros China Hyway Group e CFM-EP. A passagem da gestão da infraestrutura para o CFM permitiu o aumento das frequências do comboio diário misto e de passageiros no troço Lubango/Menongue e vice-versa, passando para oito frequências semanais, tendo repercutido positivamente, em termos de resultados. Isto porque houve um aumento substancial na transportação de passageiros e mercadorias de 107% face ao ano de 2014.
Há notícias de que a empresa registou recentemente avultados prejuízos por alegadamente estar a haver muita lentidão na rota Namibe/Lubango. Pode comentar?
Aguardávamos a recepção provisória da linha férrea, por parte da empreiteira chinesa que impunha algumas limitações na circulação, o que condicionava a venda de serviços de transportes de mercadoria em grande escala, sob o risco de não cumprirmos com os prazos de tramitação de mercadorias dos clientes. Mas transportamos, de forma tímida, combustível e granito negro, desde Junho de 2014. Acreditamos, que face à situação vigente, na altura, não tivemos prejuízos, apenas deixamos de arrecadar receitas, situação já ultrapassada com a recepção provisória das infraestruturas, facto que nos coloca em posição de desempenhar cabalmente a nossa missão, o transporte de mercadorias e passageiros.
Qual é a média de passageiros e de mercadorias transportadas diariamente pelo CFM?
Com o advento das frequências de comboio diários misto e de passageiros, estamos a transportar uma média diária de 3.000 passeiros, distribuído entre o comboio misto, de passageiros e suburbano. A nível da carga, transportamos 600 toneladas de mercadorias diversas.
Que tipo de mercadorias são mais transportadas pelos comboios do CFM, sendo que na zona onde opera começa já a surgir alguma actividade industrial, como é o caso da siderurgia do Cochi?
O CFM tem capacidade técnica e humana para transportar todo o tipo de mercadoria, desde que seja solicitado para o efeito. Actualmente transportamos, de forma consolidada, combustível da Sonangol Logística, fruto de um contrato entre as duas empresas e granito negro, em grande escala. Por outro lado, está em carteira uma parceria com a SOGESTER, empresa gestora do transportar 80% da carga deste porto para as províncias da Huíla e do Kuando-Kubango, assim como transportamos diariamente produtos do campo como milho, massango e outros cereais. Está a ser construído um porto seco, na comuna da Arimba, a 20 quilómetros da cidade do Lubango, que vai permitir que os importadores locais deixem de tramitar carga no porto do Namibe e passam a fazê-lo no Lubango.
Qual tem sido a frequência de viagens por dia, quer na rota para Menongue, quer na rota para o Lubango?
Desde Setembro de 2015, aquando da recepção provisória da linha férrea, passamos a realizar frequências diárias do Lubango para o Menongue e vice-versa, sendo um comboio misto (carga e passageiros) e outro só de passageiros, permitindo que o passageiro embarque só com a sua bagagem.
Como tem sido feita a manutenção das locomotivas?
Dispomos de uma oficina, onde fazemos as manutenções do material motor e rebocado, diária, semanal, e quinzenalmente, além das chamadas grandes reparações. Nem tudo tem sido fácil, porque nos debatemos com a falta de material de reposição que não se encontra no mercado nacional, mas temos estado a cumprir com o programa de manutenção que visa garantir a segurança e longevidade do equipamento.
Qual é o número de trabalhadores que emprega actualmente a empresa?
A empresa tem, neste momento, 1.449 funcionários, sendo que 1.269 são do sexo masculino, representando 88% e 171 do sexo feminino, correspondendo a 12%. Temos estado a valorizar e a reaproveitar os quadros internos, por razão da crise que condiciona a admissão de novos trabalhadores.
Quais são as perspectivas da empresa para o presente ano?
Para 2016, objectivamos a promoção da eficiência, como foco estratégico do CFM. O grande objectivo é alcançar a sustentabilidade económico-financeira, que se traduzirá no aumento das operações comerciais, sendo que já foram recepcionadas as infraestruturas reabilitadas para equilibrar as contas de exploração. Para tal, pretendemos, dentre outras acções, oferecer aos nossos clientes um transporte de passageiros e mercadorias com qualidade, eficiência e eficácia. Atrair e cativar importadores da zona Sul, dinamizar o corredor logístico de Moçâmedes, maximizar a rentabilidade, explorando as oportunidades de negócios e reduzir os custos operacionais.
Como é que está a empresa CFM, em termos de homologação de contas?
Relativamente à homologação de contas, temos pautado por uma gestão rigorosa e transparente que permitiu que, nos últimos dois, as nossas contas fossem homologadas excepcionalmente pelo Instituto para o Sector Empresarial Público (ISEP), o que nos motiva e mostra que estamos no bom caminho naquilo que são as práticas de boa gestão da coisa pública. Continuamos a trabalhar abnegadamente para melhorar e passar a condição de homologação isenta de qualquer reserva.
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