Brincadeira tem hora…
Já é o ‘habitué’ em tempos de campanha eleitoral vermos por aí as t-shirts vermelhas ‘diambolarem’ pelos municípios a visitarem os potenciais eleitores. Naturalmente, naquele ‘corpo a corpo’, que não é normal no resto da legislatura, ouvem-se reclamações, sugestões e pedidos, que aparentemente, à mesma velocidade que entram, saem. Como se costuma dizer, entram por um ouvido e saem pelo outro. De qualquer forma, seria revelador saber o que se pede nesse ‘tête-à-tête’. Reivindicações colectivas ou individuais, o que realmente querem os ‘eleitores’? Quais os seus anseios? Do que reclamam? Não que já não saibamos o que falta – que é quase tudo – mas o que essas pessoas exigem que possa gerar nos governantes algum compromisso com o cidadão? Por outro lado, haverá efectivamente algo que gere nesses mesmos governantes algum tipo de compromisso com o cidadão? Tudo indica que não. Na politicagem que se faz em Angola, a lição segundo a qual a boa política trabalha e investe todos os recursos para a autonomia do cidadão e a política nociva aposta na dependência das pessoas foi bem estudada. Daí verem-se pessoas supostamente bem estudadas e aparentemente cultas fazerem-se de zungueiras com bacias na cabeça, contendo sabe lá Deus o quê, de porta em porta. O teatro assombroso, sem o mínimo respeito à dignidade humana, repetiu-se no último fim-de-semana, o que nos remeteu à campanha de 2017 em que o MPLA ofereceu, entre outros, kits de engraxador e à de 2022 que ofereceu bicicletas aos potenciais eleitores. O que o partido no poder já deu mostras de não conseguir oferecer é a realização dos sonhos e anseios dos angolanos. A transformação da realidade penosa por que passam. Não consegue oferecer o progresso e a autonomia da população. Não consegue oferecer a dignificação e equidade. Se é assunto para nos lamentarmos? Provavelmente não. Lamentos poderão não mais fazer sentido. Não se grita aos surdos e nem se apresentam caminhos aos cegos. Entretanto, há quem ainda mantenha a esperança de que o jogo venha a virar num futuro não muito distante. Que quem hoje alimenta com migalhas venha a saborear do seu próprio alimento.
Falando em jogo…
Esta semana os ‘Palancas Negras’ tentaram domar os ‘Leões’ dos Camarões. Porém, nem os espectadores da mais alta estirpe lhes deram sorte. Aliás, há até quem considere que a presença de sua excelência o PR e seus pares deu foi azar à selecção. A verdade é que os Palancas não conseguiram mais do que um empate e estão dependentes da sorte e à mercê dos resultados dos próximos jogos da seleccção e de outras selecções… Mas quem dera fosse esse o maior dos nossos problemas.
Como que uma série que fica aborrecida e chata depois de incontáveis temporadas, a saga ‘Joel Leonardo, o insubstituível’, ganhou um novo capítulo com a divulgação do indeferimento – pasmem-se - pelo Tribunal Supremo, de uma acção popular intentada por um grupo de advogados, do qual faz parte o bastonário da Ordem dos Advogados. Os requerentes acusam o Conselho Superior da Magistratura Judicial de estar a ‘xixilar’ para pôr ordem na casa, que, só por acaso, é comandada pelo próprio acusado. Os advogados apontam o dedo ao CSMJ por, alegadamente, falhar na obrigação de instaurar um processo disciplinar contra Joel Leonardo. Na base do protesto está o alegado desvio de receitas do tesouro nacional, pelo presidente do Tribunal e Supremo e do CSMJ. Mas as denúncias são inúmeras, porém Joel Leonardo, “o protegido da Capital”, como lhe chamou o jornalista Ilídio Manuel, com a cara dele tipo nada, mantém-se de pedra e cal no seu posto. Afinal em Angola não há outro capaz de ocupar o seu lugar.
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