Bruxelas recorre ao Tribunal de Justiça da UE
A Comissão Europeia recorreu hoje ao Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) para contestar a decisão anterior do tribunal geral que anulava a multa de 13 mil milhões de euros aplicada por Bruxelas à gigante tecnológica Apple.
A decisão surge depois de, em Julho passado, o Tribunal Geral da UE ter deliberado que não ficou provada a acusação da Comissão Europeia, de que a Apple beneficiou de vantagens fiscais ilegais na Irlanda, o que obrigou à retirada da multa milionária aplicada à multinacional norte-americana.
Numa declaração hoje divulgada, a vice-presidente do executivo comunitário Margrethe Vestager, com a pasta da Concorrência, informa que "a Comissão decidiu recorrer ao Tribunal de Justiça da UE do acórdão do Tribunal Geral [...] sobre o processo de auxílio estatal da Apple".
Margrethe Vestager argumenta que "o acórdão do Tribunal Geral levanta questões jurídicas importantes que são relevantes para a Comissão na aplicação das regras em matéria de auxílios estatais aos processos de planeamento fiscal".
Acresce que "a Comissão também considera, de forma respeitosa, que, no seu acórdão, o Tribunal Geral cometeu vários erros de Direito".
"Garantir que todas as empresas, grandes e pequenas, pagam a sua parte equitativa dos impostos continua a ser uma das principais prioridades da Comissão. O Tribunal Geral também já confirmou repetidamente o princípio de que, embora os Estados-membros tenham competência para determinar as suas legislações fiscais, devem fazê-lo no respeito do direito da UE, incluindo as regras em matéria de auxílios estatais", adianta Margrethe Vestager.
A responsável - que já chegou a ser rotulada como inimiga de Silicon Valley, onde estão sediadas as grandes tecnológicas norte-americanas - conclui que o executivo comunitário vai "continuar a usar todas as ferramentas à disposição para garantir que as empresas paguem sua parte justa dos impostos".
"Caso contrário, o erário público e os cidadãos ficarão privados de fundos para os tão necessários investimentos, cuja necessidade é ainda mais aguda agora para apoiar a recuperação económica da Europa", lembra ainda.
Em meados de julho passado, O Tribunal Geral da UE informou ter "anulado a decisão impugnada [pela Apple] porque a Comissão Europeia não conseguiu provar, segundo a norma jurídica necessária, que existiram benefícios" ilegais.
Em causa está a multa de 13 mil milhões de euros aplicada em 2016 pela Comissão Europeia, alegando que a Irlanda concedeu benefícios fiscais ilegais à Apple em impostos não cobrados.
A Apple contestou a decisão, que a obrigava a devolver tal quantia ao Estado irlandês, num processo judicial que se arrastou no Luxemburgo, e foi recentemente apoiada pelo Tribunal Geral da UE.
Esta foi uma decisão de primeira instância, da qual o executivo comunitário podia recorrer, o que aconteceu hoje.
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