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A Huawei, a Unitel, Mobile Money e inclusão Financeira

A Huawei, a Unitel, Mobile Money e inclusão Financeira
D.R

Assim mais ou menos ‘de kaxêxe’, sem muita gente dar-se conta, fez-se históriano desenvolvimento do nosso país: a partir de 25 de Agosto deste ano, as pessoas já podem enviar dinheiro a parentes, amigos ou parceiros comerciais através da rede Unitel. Nem é preciso possuir conta bancária, basta ter um número de telefone desta operadora. Faz-se história porque, de repente, os cerca de 11 milhões de utilizadores da operadora móvel entram sem mais porquês no sistema financeiro nacional.

Esse serviço – lançado a 23 de Agosto, em Luanda – tornou-se possível graças a uma parceria entre a Unitel e a gigante de tecnologias chinesa Huawei, que fornece o suporte tecnológico. Esta plataforma“capacita as plataformas e serviços de pagamento móvel com as suas tecnologias inovadoras, capacidade de P&D, experiência e ecossistema, com o objetivo de fornecer um serviço seguro, confiável e conveniente para clientes locais com experiência de primeira classe”, lê-se no comunicado distribuído à imprensa na ocasião.

E o que isso significa exactamente? Significa que qualquer pessoa pode movimentar entre 25 e 300.000 kwanzas de cada vez sem precisar de ter conta bancária. Pode enviar dinheiro para outra pessoa ou empresa, pagar água, energia ou outros serviços de uma forma rápida e segura, sem precisar de nenhuma daquelas burocracias necessárias para abrir conta num banco. Melhor, sem os riscos de enviar valoresatravés de um portador ou algo semelhante. Através da plataforma disponibilizada pela Huawei, basta digitar *449# e o número Unitel que, no seu conjunto, funcionam como número de conta bancária. Enviado o dinheiro por essa via, o beneficiário recebe uma mensagem instantânea no seu telefone e pode dirigir-se a qualquer agente Unitel em qualquer das 18 províncias e 164 municípios angolanos.

Nas minhas andanças pelo país, tenho-me sentido muitas vezes angustiado com a falta ou com o deficiente serviço do sistema financeiro no interior. Já estive em municípios que não possuem uma única agência bancária e os funcionários têm que se dirigir a outras localidades, às vezes a dezenas ou mesmo centenas de quilómetros de distância, o que diminui a sua frequência no serviço. O comércio nestas localidades é feito totalmente com dinheiro vivo e é literalmente impossível enviá-lo sem ser através de um portador. Tudo isso agora fica completamente ultrapassado graças a esta parceria Unitel-Huawei. Não só as pessoas nas cidades vão poder enviar dinheiro a parentes e familiares nos municípios e aldeias de forma rápida e segura – é aqui que se faz história – como também as enormes quantidades de dinheiro vão retornar para o circuito financeiro e deixar de estar fora dos bancos, como acontece agora. Finalmente, pode dizer-se, estamos a entrar na economia digital e na consequente inclusão financeira. Sem traumas nem “kigilas”.

Outro factor facilitador desta plataforma disponibilizada pela Huawei é que todos os actuais agentes da Unitel, desde as lojas mais sofisticadas aos “mamadus”, podem ser agentes do “mobile money”. E isso traz outra vantagem: grande parte do dinheiro no circuito informal sob controlo destes actores comerciais vai também entrar para os circuitos formais. Por outras palavras, à inclusão financeira vai juntar-se a quebra de factores importantes de informalidade de que enferma a nossa economia.

Desde que começou o confinamento por causa da pandemia da covid-19 vimos defendendo que as propostas tecnológicas da Huawei proporcionam uma oportunidade de desenvolvimento socioeconómico e produtivo do país e dos angolanos, pois não só oferecem a capacidade de realizar à distância funções que antes exigiam proximidade ou presença, como ainda garantem uma maior eficácia. Esta entrada na economia digital por via do “mobile money” parece ser apenas o primeiro de muitos passos. Tal como o telefone celular e o cartão multicaixa, tudo indica que, em questão de meses, os serviços facilitados por esta parceria Unitel-Huawei passará a fazer parte do dia-a-dia dos angolanos.