Consertos em alta
NEGÓCIOS. Prestadores informais de áreas técnicas atendem mais clientes neste período de crise. Mas operadores ligados aos electrodomésticos lamentam a falta de acessórios.
Consertadores informais de equipamentos domésticos e de sapatos garantem ter mais clientes desde o ano passado, em comparação a 2014 e 2015. Segundo esses operadores, são muitas as profissões técnicas que estão a registar um número maior de procura neste período de crise, face à “incapacidade financeira” de muitos em substituir o bem danificado por novos, destacando-se os electrodomésticos e sapatos.
Ao VALOR, reparadores de televisores, dos mercado do Kikolo e dos Congolenses, sublinham que a existência de mais pessoas à procura de serviços não significa necessariamente que ganham “muito mais” que no passado. Com uma facturação mensal entre os 40 mil e 60 mil kwanzas, esses técnicos funcionam num espaço com mais de uma centena de concorrentes e registam entre oito e nove clientes por mês, ao contrário dos cinco e seis dos anos anteriores.
No geral, a tendência crescente na procura é atribuída à crise económica e financeira, que retirou a muitos a capacidade de compra, o que os leva a optar por reparar o aparelho danificado. Em 2014 e 2015, os ‘plasmas’ das marcas LG e Samsung de 32 polegadas, por exemplo, eram comercializados a 32 mil kwanzas, em supermercados e lojas da periferia. Em períodos promocionais chegavam aos 27 mil kwanzas. Por hoje, um televisor dessa dimensão, da marca LG, está a ser vendido três vezes mais que o salário mínimo nacional, fixado em 24 mil kwanzas.
Na manhã de 1 de Maio, o televisor estava a ser comercializado a 91 mil kwanzas em alguns supermercados, e chegava aos 120 mil e 150 mil kwanzas em lojas especializadas, da unidade de armazéns do Hoji Ya Henda, um local frequentado maioritariamente pela classe média/baixa.
Rui Edson Peixoto, técnico de televisor há mais de 12 anos, que trabalha nos Congolenses, embora tenha um maior número de clientes e “ganha 10 mil ou 20 mil kwanzas a mais” do que há cinco anos, admite que a desvalorização da moeda “reduziu a importância” do valor que vem arrecadando. O técnico lamenta ainda a falta de acessórios no mercado, o que os leva a comprar televisores avariados para servir de fonte de peças aquando da reparação do bem dos clientes.
Arcas frigoríficas com aumentos
Os técnicos de frio, especializados em reparação de arcas e geleiras, também são mais procurados desde o ano passado. Os operadores fazem fé que seja por causa dos actuais preços praticados nas vendas desses produtos. Por exemplo, em 2014, uma arca frigorífica de 150 litros custava entre 27 mil e 30 mil kwanzas, em supermercados e lojas. Actualmente, um frigorífico da mesma dimensão está a ser vendido a 61.500 kwanzas, no supermercado Nossa Casa, e a 75 mil, no Nosso Super. Os técnicos garantem facturar hoje pouco mais de 30 mil kwanzas, por dia, sendo que, no passado, arrecadavam entre os 18 mil e 22 mil kwanzas.
JLo do lado errado da história