Do baralhar das cartas aos ‘míseros’ 517 milhões USD
Esta semana o baralho voltou a ser redistribuído com algumas cartadas novas… pra variar! No jogo de mete-mete, tira-tira, algumas cartas ficaram de fora. Houve festa no Cuanza Sul com a saída do activista político, Job Capapinha, que fica assim obrigado a abandonar o tal lugar doce de que há uns tempos falava. Do Huambo foi ‘tundada’ Loti Nolika que, nos últimos tempos, também não granjeava grande simpatia da população. Na tomada de posse, não faltaram os habituais ‘beffs’ do ‘exonerador implacável’, porém desta vez um pouco mais comedido. O que nos deixou a muitos com um gostinho de “quero mais”. Afinal, é apenas e somente por essa via que conseguimos especular os motivos por detrás de algumas exonerações. Entretanto foi possível perceber os atestados de incompetência passados aos então governadores do Cuanza-Sul e do Huambo. Mara Quiosa e Pereira Alfredo, além de governadores, vão para estas províncias com a função de bombeiros, segundo palavras de João Lourenço. Conseguirão apagar o alegado fogo deixado? O tempo no-lo dirá!... Em Cabinda também houve festa… Mal soube que saiu de administradora municipal para governadora, Suzana Abreu juntou familiares e amigos para comemorar. As comemorações estenderam-se a Luanda e, depois de ter tomado posse, juntou mais um grupo algures pela capital, com direito à presença de alguns cantores, dança tradicional e até bolo.
Que esta euforia signifique, necessariamente, que a mulher está preparada para os desafios que o cargo impõe. Que se sinta eufórica porque entende que tem o dom de servir e não de se servir. Que esteja ciente que uma andorinha não faz a primavera e que por isso terá de contar com a ajuda de todos, sejam eles vermelhos, verdes ou de outra cor qualquer. Que simbolize que está disposta e capacitada a ressignificar a governação naquela parcela de terra e consiga fazer ecoar a voz dos cabindenses. Que este festejo não expresse apenas a satisfação de estar “mais próxima do palácio” e consequentemente das benesses. Porém, isso também o tempo no-lo dirá! Mas, no agora, o que o tempo nos diz é que afinal 500 milhões de dólares não são assim tanto dinheiro. Se há cinco anos temos testemunhado um escarcéu e uma perseguição sem tréguas, com direito a uma já anunciada guerra entre o Supremo e o Constitucional, por causa de um dinheiro que nunca foi ‘caçumbulado’ e até voltou, hoje numa sentada são aprovadas obras e entregues de mão beijada, com o mesmo valor ou somas mais avultadas. Ora, esta semana, o PR aprovou, por ajuste directo, claro, 517 milhões de dólares para a construção de uma circular rodoviária externa em Benguela. Conhecendo a qualidade e o curtíssimo tempo de validade das nossas obras, lá vão ser queimados mais alguns milhões ou, na melhor das hipóteses, serem embolsados por algum chico-esperto… Enquanto continuam a sair balúrdios de dinheiro para estradas e obras emergenciais, para apetrechamento e mudanças da ANPG, cujos valores já se aproximam dos 200 milhões de dólares, o sector social continua a ser preterido. Combater a fome não passa de utopia, com as Nações Unidas a relatarem, sem grandes surpresas, desigualdades significativas, pobreza, educação de baixa qualidade, saúde deficiente e fome num relatório preliminar que avalia os efeitos da dívida externa sobre os Direitos Humanos. A perita interdependente não poupou nas palavras e apontou o que considera “graves condições de vida" nos bairros informais, que são deploráveis, incluindo a falta de alimentos, água potável e saneamento e electricidade. Quanta audácia desta perita, que até foi convidada pelo Governo, vir destapar as cubas num país onde já se corrigiu o que estava mal e melhorou-se o que estava bem e agora está-se a trabalhar mais e a comunicar melhor…
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