E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que o aniversário do 25 de Abril, a revolução portuguesa que teve raíz em África e que pôs fim à ditadura e ao colonialismo português, proporcionou uma rara - muito rara mesmo - oportunidade de o Chefe de Estado falar em público sem nos envergonhar completamente a todos... Aqui vai um obrigada - que só não é maior porque se trata de uma função remunerada – mas, ainda assim um singelo obrigada a quem escreveu o discurso que o Chefe leu sem os desvios e devaneios que são rotineiramente embaraçosos.
É verdade que talvez a motivação para a leitura sem derivações e desaprumos tenham sido as múltiplas e desnecessárias referências belicistas ao passado. Referências a que, como lembrou o jornalista catedrático Graça Campos, faltou decoro histórico pela referência ao MPLA e à Frelimo e pela omissão desonesta dos outros movimentos de libertação que foram mais temidos pelo sistema colonial. No entanto, essas faltas foram algo relativizadas pela referência mais uma vez pertinente e actual à tragédia em Gaza. “O mundo não pode permitir que com o argumento da necessidade da eliminação do Hamas, o povo palestino seja exterminado não só pela acção de bombas, como também pela negação imposta pela força ao mais elementar direito humanitário, o do acesso a alimentos água, assistência médica” - palavras do PR. Falou bem - e porque é raro - vale dizê-lo... Esta semana morreu uma bebé que foi retirada do corpo inerte da mãe com vida. A mãe morreu num ataque aéreo israelita com a irmã de três anos e o pai, e a cinco dias depois vividos dentro de uma incubadora a pequena, que era prematura e não pesava dois kilos, não resistiu a dificuldades respiratórias... Nas casas adjacentes outras 15 crianças e cinco mulheres foram mortas por ataques israelistas, segundo a ONU a cada 10 minutos em Gaza uma criança é ferida ou morta. Aquilo não é uma guerra, é um massacre e estamos todos a assistir...
O estrago que apoio americano a Israel está a fazer à campanha de reeleição de Biden continua a marcar a actualidade a nível internacional, esse apoio está a afastar o seu eleitorado dos democratas de tal ordem que nas intenções de voto Biden e Donald Trump estão quase empatadas com alguns estados chave a dar vantagem a Trump de 48% contra 45%... Os protestos dos estudantes universitários contra o fornecimento americano de armas e apoio ao governo israelita é outra prova de que o apoio ao partido democrata se está a esvair. No entanto, o presidente americano aceitou na semana que passou debater com o seu opositor Donald Trump, num exercício que o nosso presidente evita como a peste desde que assumiu a cadeira em 2017 e que é tão importante em democracia.
A propósito de democracia e voltando ao discurso do Chefe em Lisboa, que foi lido tão diligentemente, notou-se a tal ausência daqueles improvisos pavorosos de que ninguém nos salva quando o à vontade descamba – o que é frequente - para conversas da quinta dos animais, que metem marimbondos e outros insectos, gazelas (que insistem em não saltar), e outras pérolas como “fizemos mais do que o colono”, “a oposição são um bando de malandros” entre outras demonstrações crassas de falta de polimento.
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