E agora pergunto eu...
eja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade americana foi marcada por nomeações polémicas para o governo e para pastas vitais, em que à semelhança das nomeações que são feitas entre nós, parecem usar critérios completamente ad hoc, critérios de amiguismo básico que só não traduzem nepotismo por falta de consanguinidade, critérios que são tão obscuros quanto são os critérios que ente nós vêm nomeando gestores para cargos públicos, não só sem provas dadas de competência por onde passaram como por vezes com várias provas de incompetência gritante pelo caminho... Os nossos exemplos são demasiados, a começar com o líder que foi apontado com base saberá Deus e o falecido que o pôs lá em que prova de competência para o cargo à parte de uma lealdade bem fingida, mas são exemplos que se tornaram quase tradição.
Os exemplos mais recentes dessa tradição entre nós são a nomeação para governador de uma província chave de um ex-ministro de Estado para a Coordenação Económica em cuja vigência a economia não só descoordenou como parece ter estragado de vez - aliás o mesmo histórico é extensivo ao ministro que o sucedeu. Para a pasta do Interior foi um civil ex-ministro da comunicação (que não terá deixado lembranças nem nesse ministério nem no governo da província capital) que tem agora de gerir milhares de fardas e os seus problemas... a competência ou a experiência certamente não são critérios de nomeação. E é também provavelmente nesse espírito que Trump nomeou para a pasta da defesa americana um apresentador de televisão, é verdade que foi militar, no entanto está longe da graduação a que a defesa americana habituou o mundo e que comande o respeito do generalato que vai dirigir. Diz-se por aquelas bandas que o Pentágono está em pânico... para a Procuradoria-Geral da República vai Matt Gaetz, que para além de não ter experiência na instituição, já foi investigado por crimes de natureza sexual e continua a ser por assédio e consumo de droga; para a pasta da Saúde foi nomeado um conhecido anti-vax o que é uma novidade curiosa por antecipar uma batalha com o poderoso lobby farmacêutico de primeira linha, o homem mais rico do mundo Elon Musk, tem a cargo a redução da máquina do Estado, quando nunca esteve no Estado. E quanto ao ministro que mais terá importância a nível internacional o escolhido foi um ex-concorrente ao cargo de presidente do partido, o governador da florida Marc Rubio que é um feroz defensor de políticas de taxas e tarifas, particularmente no que toca à China, que vê como a maior ameaça que os EUA já enfrentaram. Rubio neste aspecto até poderá dar continuidade às políticas do Estado americano quanto a Angola, já que coartar a influência chinesa em África poderá ser tão interessante para ele quanto foi para a administração Biden. A ver vamos se o lobby que continua a cobrar milhões ao governo de Angola para estreitar relações com os EUA consegue adaptar-se às novas caras e justificar a factura junto de um governo angolano que anda sempre tão mais preocupado com os estrangeiros e com como veem Angola de fora, do que com a melhoria efectiva da vida dos angolanos. Vida essa que essa tem vindo a piorar de forma tão inexoravelmente progressiva que os angolanos continuam a imigrar em massa. De forma particularmente dolorosa os quadros angolanos estão a imigrar em massa, o que dá a sensação de que o país vai ficar sem médicos, sem enfermeiros, sem professores, sem engenheiros enfim sem massa crítica que consiga levar adiante o país, que parece que vai ficar com pouco mais do que políticos que viajam tanto quanto possível em busca lá fora da qualidade de vida que não conseguem dar a quem os elegeu cá dentro. Esta semana a VOA publicou outra reportagem sobre o triplicar no número de angolanos a imigrar para Portugal, a maior comunidade depois da do Brasil, que diferente de Angola (que se fica pelo total de 36 milhões) tem 126 milhões de habitantes. Os números da imigração portuguesa deixam de fora muitos angolanos que tem dupla nacionalidade e muitos mais que imigram para outros cantos do mundo fugidos da falta de segurança, de saúde de educação, de saneamento, de justiça e de esperança na Angola que amam. Uma hecatombe uma prova acabada de incompetência governativa, de piorar as condições de um país para milhões dos seus cidadãos em vez de melhorar seja o que for.
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