E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, onde antes de mais vale saudar o leitor e desejar um feliz 2025, Ano Novo que começou como de resto é costumeiro, marcado pelos vários exercícios de planificação de promessas de melhoramentos pessoais e colectivos. O líder da oposição moçambicana prometeu um Moçambique “entre os países mais desenvolvidos do mundo em 10 anos” na sua inauguração como “presidente eleito do povo” e daqui a uns dias toma posse o presidente eleito pela CNE e pelo poder moçambicano que também já fez umas promessas (mais tímidas) tímidas de desenvolvimento. Continua a escalada do saldo de mortes entre cidadãos que não aceitam os resultados das eleições, mesmo os corrigidos que continuam a atribuir vitória (sabe-se se lá por que contas) à Frelimo. E o apoio surdo de poderes como o nosso ou como Portugal, podem envergonhar-se o suficiente para não porem os pés na inauguração, mas deixam a nú a sua influência na manutenção de um governo que não se coíbe de matar os seus cidadãos caso periguem o seu acesso ao poder.
Entre nós marcaram a actualidade os perdões do presidente que quis ser magnânimo - uma novidade de fim de ano que cheira a resolução de Ano Novo e que esperemos não ser efémera. Uma resolução que, quanto mais não seja, serviu para dirimir os rumores de que em vez de magnânimo fosse dado a episódios da sempre covarde violência doméstica, depois de a primeira-dama aparecer com hematomas numa cerimónia pública (que mais tarde se esclareceu - ou tentou se esclarecer - serem produto de uma intervenção estética). Quanto aos perdões magnânimos, os casos mais high profile decididamente são, ou deviam ser, mais penitenciários do que magnânimos... A blogger Neth Nahara, cuja prisão se tinha tornado altamente vexatória devido à campanha internacional sobretudo da Amnistia Internacional para a sua libertação, uma campanha que inclusive apelava à libertação da blogger e mãe através de outdoors colocados em várias capitais europeias, era em linguagem da terra ‘presa do presidente’, tinha sido presa simplesmente por o insultar, no âmbito de uma lei que foi usada de forma abusiva para prender e intimidar críticos do presidente. Era presa do presidente, foi perdoada, saiu, óptimo, mas nunca devia ter sido presa (ou pelo menos não pelo motivo que foi). O presidente que gosta de se passear por tais capitais e de receber visitas dessas capitais, não podia continuar a arriscar o embaraço de ser lembrado dos seus ‘presos de estimação’ por estrangeiros que tenta desesperadamente convidar a investir para apresentar como prova de competência... Os quatro jovens activistas Tanaice Neutro, Adolfo Campos e os outros, presos há um ano por terem nas mãos cartazes que classificavam a liderança como incompetente – (quando na verdade a liderança até se auto-classifica através do seu desempenho) – tratavam-se, mais uma vez, de ‘presos do presidente’ foram perdoados, muito tarde, depois de se tornarem uma vergonha internacional a manchar a imagem que custa tanto dinheiro para melhorar lá fora. Foram perdoados, mas eram presos por de uma ou de outra forma por criticarem o chefe e o seu trabalho, presos do presidente que nunca deveriam ter sido presos. O filho do-ex presidente, que até continua com o caso a decorrer nos tribunais, que apesar de já terem reconhecido que foi injustamente julgado e condenado, não lhe restituem os direitos de cidadania, preso do presidente, foi perdoado nunca devia ter sido condenado, com o perdão o chefe passa novo atestado de nulidade ao Tribunal Constitucional ao ignorar a sua resolução. Mas o chefe quer sentir-se magnânimo... Francamente, a saída dos activistas da prisão, o seu reencontro com as suas famílias chegou pelo menos para prometer um 2025 melhor. Veremos se a promessa se mantém.
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