E agora pergunto eu...

24 Jan. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que, mais uma vez, o chefe esteve de viajem... Avoa, avoa, avoaa muito esse chefe... Na semana que passou até seria natural que se enfiasse no avião para ir ao empossamento do seu homólogo moçambicano, Daniel Tchapo que tomou posse como presidente desse país irmão, desse país tão próximo, desse país governado por um partido siamês do partido que o chefe dirige. 

E agora pergunto eu...

Um país em que o chefe, segundo alguns reportes, teve ou têm, interesses empresariais, um país para o qual Angola e o apoio de Angola é precioso por causa desses laços históricos e dessas proximidades entre lideranças - não será preciso lembrar que Venâncio Mondlane em entrevista à Rádio Essencial afirmou que o presidente angolano tinha medo de ser arrolado numa investigação séria às dívidas ocultas de Moçambique, por causa de negócios que liderou quando era ministro da Defesa de Angola - esse país irmão é tão importante para os moçambicanos que o então candidato Daniel Tchapo veio a Angola pouco antes das eleições, certamente para vir buscar a bênção, beber da expêriencia - pergunto-me até se não terá sido a brilhante ideia de anunciar uma vitória superior a 70 % - enfiando o dedo nos olhos dos moçambicanos - uma ideia das cabeças brilhantes que dirigem Angola e que tinham a experiência amarga de terem perdido a capital, apesar de as manobras terem chegado para a manutenção do poder - mas dizia que seria natural em face de toda esta proximidade e apoio ostensivo e várias vezes assegurado de Angola ao governo da Frelimo, que o chefe tivesse voado para ir à investidura do novo presidente moçambicano cuja candidatura tanto apoiou... No entanto, o chefe voou foi para Paris, capital da França, trocou matapa por escargot como ouvi de algum analista mais inspirado, não esteve para dar corpo ao tal apoio incondicional que prometia... E agora pergunto eu... pode alguém recriminá-lo por fugir daquele lamaçal?

O presidente português “fugiu com o rabo à seringa” como diz o ditado também português. Segundo o ex-porta voz da Frelimo que criticou a ausência do ‘tio celito’ -que gosta de se descrever como também moçambicano - “agora os moçambicanos já estão conscientes de que Portugal não vai estar presente nos momentos difíceis”. O presidente ruandês, que até tem interesses na investidura e na continuidade da Frelimo no poder depois de ter entrando pelo país adentro com as suas forças a propósito do combate à insurgência no norte do país, fez-se ausente... Fugiram quase todos, presidentes só lá estiveram o da Guiné-Bissau e o da África do Sul. De Angola, o presidente investido teve de se contentar com um ministro de Estado... Pudera... estava a investidura a decorrer, e do outro lado da rua havia protestos, havia mães a perguntarem às forças de segurança porque é que estavam a matar os seus filhos, e muita gente zangada nas ruas, com razão. São mais de 300 os mortos às mãos das forças de segurança ao serviço da manutenção de um poder contestado pelo povo nas ruas.

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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico