E agora pergunto eu...
A semana que passou, particularmente para quem se interessa por tecnologias, foi marcada pelo anúncio do jovem dono do Facebook de que o Face vai deixar de o ser para se tornar na marca Meta, o nickname da Metaverse, que será a marca mãe dona do Facebook e de todas as outras empresas do grupo. A palavra Metaverse, de origem grega, significa qualquer coisa como “há sempre mais para construir” e Zuckerberg quer que a Meta seja o ‘re-branding’, a nova face das mais recentes tecnologias que, como as redes sociais fizeram no passado, vão invadir e revolucionar ainda mais o nosso dia-a-dia. A apresentação dos planos da empresa é impressionante, futurista, inclui avatars que projectam a imagem inteira de uma pessoa em 3D num espaço onde não está e que vão mais longe no conceito de aproximar distâncias que as redes e a comunicação online já conseguiram encurtar. Quando me lembro que vivíamos sem telemóveis, essa realidade parece pertencer quase à idade média...
E, claro, a propósito de idade média, a nossa actualidade continua a ser marcada pelo ‘zonera/nomeia’ no tal jogo político em que o treinador parece continuar confuso, a não marcar e a substituir freneticamente jogadores à laia de degustação da maturidade do Kaporroto... – este inda precisa um bocadinho mais, esse sai, esse tá amargo; esse tá da medida; este azedou enfim – quatro anos disso e equipa bem formada à satisfação do treinador parece impossível (até mesmo para ele).
Ainda a marcar a nossa actualidade esteve a baixa do IVA e alguns reportes de baixas de preços que levam a perguntar qual será o efeito de uma baixa de preços eleitoral e que, passadas as eleições, pode bem desvanecer a necessidade da preocupação com o bolso dos cidadãos? Como é que é para levar a sério uma medida instruída em período eleitoral e como é que explicam ao eleitorado não terem baixado os preços mais cedo se até o podiam fazer administrativamente como estão a fazer agora?
Voltando ao Facebook e à nossa realidade, na semana que passou, a UNITA usou o Facebook para publicar os seus números de conta e recolher donativos no que foi comentado por alguns membros daquele partido como uma acção bem sucedida que se tornou em mais uma demonstração do interesse popular com o que se passa dentro do partido do ‘galo negro’. E esta é uma novidade interessante porque, como apontava o Frei Hangalo, (que dá catequese, aulas de java e de bases de dados online e que é um exemplo de como as novas gerações podem trazer inovação até às estruturas mais rígidas e tradicionais como a Igreja Católica), essa foi uma acção de ‘crowdfunding’ – financiamento colaborativo – que foi uma estreia a nível da nossa politica nacional.
E esta estreia tem relevância para além da novidade que marca a actualidade. Esta nova forma de financiamento partidário tem o potencial de trazer bastante mais transparência ao financiamento dos partidos e de contribuir para a democratização por via da participação popular directa. E agora pergunto eu, haverá alguma dúvida de que o financiamento dos partidos é uma das muitas áreas cinzentas pantanosas que temos no país? Quem pode separar as contas do partido no poder das do Estado? Nessa promiscuidade entre o que é do Estado do que é usado pelo partido-Estado, há alguma consulta ou benefício para a população? Segundo reportes de diferentes meios, um dos grandes impeditivos das investigações prometidas pelo combate à corrupção foram precisamente os fundos que foram desviados para financiar o MPLA e a sua manutenção do poder. Ouviram-se muitos “investiguem que eu vou falar de quanto paguei para a eleição do partido” – assunto inconveniente e que teria o potencial de impedir qualquer investigação séria.
Uma das coisas que o partido-Estado impede é que o público saiba quanto custam as campanhas eleitorais e de onde vem o dinheiro que as custeou, como se sabe noutros países que primam pela democracia e que separam gestão partidária de gestão pública.
E, esta ferramenta de financiamento e outras que apelam ao público, para além de mais inclusiva e participativa, porque qualquer cidadão pode contribuir e com isso sentir-se parte do processo político, é uma ferramenta bastante poderosa. Em 2019, havia estatísticas a apontar para mais de dois mil milhões de dólares angariados em campanhas só do Facebook que é apenas uma das plataformas sociais. E numa realidade em que o poder é de tal ordem que pode até congelar contas dos partidos na oposição enquanto não lá está o líder que querem que lá fique, todas as ajudas vindas de fontes alternativas são certamente preciosas. E são também uma maneira de mostrar limites ao poder uma forma de o contrariar.
Voltando ao Facebook vale ainda lembrar outro paralelo a seguir, a necessidade de re-branding de uma companhia que vale perto de um bilião de dólares devia ser também uma lição para os nossos líderes.
O re-branding que é basicamente um reformular de marca um reinventar-se com foco num objectivo de futuro. E ocorre que os partidos da libertação, que vivem marcados pelo passado e habituados a deificar um ou outro chefe como meio de sobrevivência, vão-se provando cada vez mais incapazes de levar o país para uma realidade que saia de vez da tal idade média precisam de re-branding. E é por isso que novidades como o uso de tecnologias para tornar a política mais inclusiva e mais participativa animam, são um sinal desse re-branding, trazem frescura. E essa frescura é instrumental, caras frescas e promessas de futuro que dialoguem com o eleitorado jovem que é maioria no país e que promovam de diferentes formas mais transparência, mais separação entre o que é partidário e o que é do Estado.
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