Num país onde generais atirados à reforma deambulam por cemitérios e parques infantis, cantando giroflê giroflá; onde administradores municipais são chamados a inaugurar casas de banho; num país onde polícias são orientados a escoltar activistas que decidem organizar um encontro, como se não houvesse mais com que se preocupar, não vão estes ser os novos protagonistas do “golpe de Estado, parte II”?

Num país onde a justiça está mais enlameada que as ruas de Luanda em época chuvosa; em que se opta por continuar a varrer a sujeira pra debaixo do tapete, como se lá ainda coubesse qualquer tipo de imundice, ao invés de se fazer uma limpeza geral; onde as leis só servem para alguns gatos pingados e os tais defensores da lei não têm competências nem meios e a justiça é exercida por quem diariamente menospreza a nossa inteligência e capacidade de raciocínio; num país onde se prefere agradar deputados, dirigentes e conselheiros com luxuosos carros, em vez de se comprar carteiras para as escolas; onde muitos alunos, hoje, em 2023, ainda são obrigados a sentar-se em latas ou na melhor das hipóteses levar bancos de casa; onde não há dinheiro para aumentar os salários de médicos, professores, oficiais de justiça, só pra citar alguns que tiveram a coragem de reivindicar, mas vêm-se constantemente em diários da república autorizações para obras e investimentos de milhões de dólares para sabe-se lá qual serventia.

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