Entre a sobrevivência ?e a indisciplina
ECOLOGIA. Ambientalistas alertam que queimadas são prejudiciais ?e que devem ser evitadas. Assim como queima dos lixos na cidade. Ao VE, o engenheiro Novais Kimbanda recomenda cuidados e outras soluções.
O fenómeno das queimadas tende a agudizar-se, tanto em zonas rurais, como nas urbanas, com motivações diferentes, mas com consequências comuns desastrosas para a biodiversidade. Uns praticam-no para garantir a sobrevivência, outros, por “indisciplina social”, considera o engenheiro ambiental Novais Kimbanda, que apresenta uma solução (que não seja a queima) rentável de gestão de resíduos sólidos através dos 3 R: reduzir, reutilizar e reciclar.
Novais Kimbanda reconhece, em entrevista ao VE, que as queimadas são “consequência da luta pela sobrevivência do homem no campo”, exemplificando com a caça furtiva de que muitos se servem, queimando alguns metros de floresta para facilitar a captura de animais e “resolver o problema da fome”.
As causas da queima no meio rural têm que ver, sobretudo, com o que considera ser “indisciplina social”, porque há quem queime, acrescenta, para “criar condições adversas ao meio”. “O objectivo é mesmo destruir”, reforça. Exemplifica que o caçador, por vezes, “queima uns cem metros só porque está à caça de um rato”. “É insustentável”, refere.
As consequências dessa queima são, por exemplo, a poluição da troposfera (a camada da atmosfera em que vivemos e respiramos) com a produção do CO2 (dióxido de carbono). A incineração “degrada também os solos”, o que faz com que diminua a produtividade destes. Em terceiro lugar, o resultado das queimas cria a dispersão dos animais desse meio geográfico, que fazem do espaço o seu ‘habitat’. Portanto, remata, condiciona a biodiversidade completa.
QUEIMAR LIXO É CRIME!
Novais Kimbanda lembra que a outra queima, no meio citadino, a do lixo “não é uma solução para a gestão de resíduos sólidos, antes pelo contrário”. “É um crime”.
O engenheiro e mestre ambiental recorda que a situação “desagradável” característica nas zonas urbanas é o lixo, já que nas rurais “conseguem confinar e controlar” o que prefere chamar de resíduos sólidos. Novais Kimbanda chama a atenção para o perigo a que se expõe quem queima resíduos: “o lixo é uma grande composição química de resíduos, estamos a queimar cartão, vidro, plástico, metais, matérias fermentáveis, etc…”. Estes são alguns dos sólidos cuja composição química é, só para dar um exemplo, gás metano, CO2, hidrogénio, aniões de enxofre. Enquanto se produzem estes compostos, refere, contamina o espaço geográfico, provocando problemas cancerígenos.
O ambientalista observa que “só é lixo quando está depositado em lugares impróprios. Em lugar certo (no contentor) é matéria-prima”.
Os técnicos ambientais denominam ‘MOF’ (Matéria Orgânica Fermentável) que são os restos de comida, e isto, se for adequadamente tratado, “num compostor” que serve para fertilizante natural, sem elementos químicos que possam prejudicar os solos. Do lixo pode produzir-se também fornecimentos básicos como a electricidade e gás butano, revela o engenheiro, por essa razão, aliás, prefere chamar de “matéria-prima”.
De acordo com o especialista, para se chegar a esse ponto, o primeiro passo a reter é a formação de quadros da área e a consequente construção de infra-estruturas, como adoptar a tecnologia, e, a partir daí, fazer o uso racional dos resíduos sólidos. Reconhece que as infra-estruturas não são baratas, mas podem compensar com a venda da produção daí adveniente.
O ambientalista recomenda que se faça uso da política dos 3 R: reduzir (a partir da fonte), reutilizar e reciclar. Como exemplo, de redução recorre aos sacos de pães que podem ser evitados a partir do ponto de venda, levando sacolas de pano. Ou seja, “cada família angolana deve criar um saco de pão”, aconselha,.porque ,depois de comprar o pão com o saco descartável, normalmente, vai para o lixo, “razão pela qual”, alerta, “o saco é o resíduo predominante no lixo”.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...