ANGOLA GROWING

Há vida para além das privatizações?

10 Nov. 2020 Opinião
D.R

Este ano ficará para sempre marcado pela eclosão da pandemia covid-19 e pela forma como impactou o mundo. Todos os setores de atividade foram afetados, positiva ou negativamente, e atualmente vivem-se momentos de incerteza.

O mercado das fusões e aquisições a nível global não foi excepção, tendo-se verificado um impacto negativo relevante: uma quebra, no primeiro semestre, em volume, de 32% e, em valor, de 53% ($902 b. vs. $1.908 b.), quando comparado com o mesmo período de 2019. A região da África subsaariana também acompanhou esta tendência com menos 24% das transações no primeiro semestre de 2020 e com menor valor (-56%) face a igual período de 2019.

Contudo, Angola tem-se destacado no panorama mundial de transações de empresas. Num período em que se verificava uma quebra mundial, Angola está em contramaré com um mercado de transações animado. O programa de privatizações tem contribuído para este dinamismo, com 23 privatizações já concluídas e uma expectativa que este número ainda cresça até ao final do ano.

E o que acontecerá depois do programa? Haverá vida no mercado de transações?

Sim! Antes do programa já havia diversas transações no mercado e não podemos ter uma expectativa diferente para o futuro. O programa de privatizações colocou novos investidores em todo o mundo a olhar para a economia Angolana. Hoje, estes investidores conhecem melhor o mercado, a sua dinâmica e estão mais preparados para aqui investir. Esta realidade, associada à retoma global das transações que já se faz sentir a nível global nesta segunda metade do ano, irá levar a um crescimento significativo do mercado de transacções em Angola, com impactos relevantes nas empresas locais.

Do ponto de vista dos investidores, estes estão cada vez mais atentos a sectores com boas perspetivas futuras, independentemente do impacto atual da pandemia. Do lado das empresas, os empresários procuram contornar as dificuldades actuais e estão mais disponíveis para receber investidores com capacidade técnica e financeira para os ajudar a crescer, a otimizar processos e a diversificar produtos e geografias para saírem mais fortes desta crise.

Hoje sabemos que os vencedores não são necessariamente os mais fortes, mas aqueles que melhor e mais rápido se adaptam. Angola, no que se refere a transações, está agora no centro das atenções de vários investidores nacionais internacionais e irá, com certeza, sair deste período com empresas mais robustas e preparadas para este futuro incerto que a todos nos espera.