Lixo é o destino de toneladas de produtos agrícolas por falta de escoamento
AGRICULTURA. Falta de estradas e de transporte são apontadas como as principais ‘dores de cabeça’, o que resulta em perdas significativas. Ao chegarem aos mercados alguns produtos chegam a ser comercializados 100% acima dos praticados nas fazendas devido aos custos associados.

Problemas logísticos e de acesso continuam a ser a causa da deterioração de grandes quantidades de produtos agrícolas, nas comunas de Caxicane e Funda, na nova província do Icolo e Bengo, constatou o Valor Económico em visita a algumas fazendas. Na fazenda Massango, em Caxicane, por exemplo, a mais de 20 quilómetros da sede provincial, estima-se que, nos primeiros cinco meses do ano, se estragaram mais de 3 toneladas de frutas diversas, entre abacate, abacaxi, banana, goiaba, laranja, limão, mamão, maracujá, melancia e tangerina.
Já na Fazenda Histórias & Eilzabeth o Valor Económico constatou uma quantidade “considerável” de beringela, cebola e tomate a apodrecer. O responsável da fazenda, Manuel Histórias culpa o mau estado das vias. “Como vocês mesmos viram, o asfalto apenas é visível até à via que dá para a Muxima. Aqui, nas vias que dão acesso às lavras, não existe qualquer asfalto, nem sequer uma terra preparada para que os carros circulem à vontade”, lamenta. Segundo o produtor devido à dificuldade de escoamento foi forçado a reduzir produção, no presente ano, para 90 mil toneladas, contrariamente às 150 toneladas registadas no ano passado. “A agricultura impõe gastos, o rendimento tem que ser muito maior do que aquilo que se gasta nos investimentos todos que antecipam a colheita. Se não for assim, nós temos optado por reduzir a produção, para não corrermos muitos riscos, mas, mesmo assim, há muita perda”, lamentou.
Na Fazenda Agro-Menezes estimam-se perdas de cerca de 50 toneladas de vários produtos até Maio. Em causa estão produtos como a cebola, tomate, ananás, banana, pimento, entre outros. No caso, os problemas de escoamento estão relacionados com a degradação das vias de acesso, mormente nos bairros Mucola e Bom Samaritano, e a escassez de infra-estruturas de armazenamento.Rosa Francisco, directora da Fazenda Agro-Menezes, considera um esforço “jogado fora” e lamenta o facto de “muitos produtos estarem a estragar”, quando muita “gente não consegue ter estes produtos, que nem são importados, à mesa,”
Apesar de o Governo ter colocado em marcha desde 2022 a implementação do Plano de Apoio aos Operadores de Transportes e Mercadorias do Comércio Rural, que previa a cedência de viaturas para impulsionar o escoamento da produção no campo para a cidade, Rosa Francisco lamenta que os problemas persistam, com enormes perdas nas colheitas. “Uma das coisas que nós devíamos ter, são carros próprios para escoar o produto”, retorquiu.
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