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“Mercado segurador em Angola – Desafios para amanhã”

06 Feb. 2017 Sem Autor Opinião

Falar do mercado segurador em Angola é referir-se aos seguros num mercado emergente que verdadeiramente só começou em 2005 com a Liberalização do Sector Segurador. Estamos num mercado que ainda contribui pouco para o PIB (menos de 1%), que precisa de ser mais bem melhor divulgado, na sociedade em geral, e na escola, em particular (estamos a falar da literacia financeira), que precisa de aumentar as suas competências e nível de tecnicidade das suas operações (mais e melhores recursos). Afinal, uma seguradora é uma entidade financeira em quem particulares e empresas confiam, ao transferirem os seus riscos (quer particulares, quer empresariais) e garantam a sua evolução em segurança.

Sendo um sector jovem, é naturalmente um sector em progressão, mas dadas as suas fundações ainda recentes, foi um sector muito impactado em 2016 pelo actual momento da economia. O negócio segurador é hoje, em Angola, um negócio fundamentalmente ligado aos ramos não-vida, quer seja ao nível dos patrimónios (empresas, habitação, bens móveis como o automóvel), das responsabilidades ou dos acidentes (acidentes de trabalho que, seguindo o que se passa noutros mercados, está integrado no sector segurador). Em momento de retracção da economia, verifica-se uma correlação directa com esta e há menos negócio neste tipo de seguros, pois há menos obras, menos projectos, menos dinheiro injectado na economia. Foi o que se passou em 2016. Não tenho números do mercado de 2016 mas, certamente, tirando o caso dos seguros de saúde, que está a passar por uma fase de grande expansão (e onde os custos também estão a crescer muito), a generalidade dos ramos não -vida não cresceu. Por outro lado, o ramo vida ainda é pouco expressivo no sector segurador angolano, não existindo soluções de reforma e capitalização a ser comercializadas no mercado. A expansão do ramo vida é muito importante, pois trabalha muito o longo prazo e é, nos mercados maduros, o melhor contribuidor para o financiamento da economia.

Mas voltemos a 2016. Apesar da retracção, houve evolução positiva dos segmentos de retalho e do ramo automóvel em particular. Sendo o ramo automóvel um ramo obrigatório ele terá naturalmente, a par de outros ramos obrigatórios, como o ramo acidentes de trabalho, uma evolução significativa nos próximos anos. 2016 marca também o registo de 24 seguradoras no mercado, ainda nem todas a operar. A concorrência e a competição são bem-vindas, mas é necessário que estas seguradoras estejam todas dotadas de competências e recursos que lhe permitam operar eficazmente. Falar em competências é falar em recursos humanos preparados e formados, mas também é falar em know how que um mercado como o nosso precisa de reforçar. E é aqui que grupos internacionais, como o Grupo SAHAM, que se assume como um grupo pan-africano, que está presente em 26 países com mais de 30 companhias de seguros pode acrescentar valor. Temos a experiência de mercados pan-africanos e, mais do que isso, temos e queremos estar mais e melhor em Angola. Para o Grupo SAHAM, Angola é um mercado onde queremos crescer e desenvolver mais o nosso negócio. Temos o ‘know how’, o conhecimento do mercado, a penetração no terreno que 12 anos de experiência nos transmitem (começámos como GA Angola Seguros, em 2005), temos, enfim ,ingredientes que podem ajudar a nossa expansão e ajudar no crescimento do mercado.

Mas o desenvolvimento do mercado não se faz somente de seguradoras, faz-se também de canais de distribuição. Nos mercados mais maduros, já só se fala em canais digitais. Em Angola, terão certamente o seu lugar, até porque a utilização dos telemóveis é muito significativa e o futuro do digital (também nos seguros) passa (só) por este canal. O que eu estou a falar é de algo mais básico, de agentes de seguros, em particular, para vender seguros individuais, que levem o seguro automóvel (hoje obrigatório) ao ponto mais longínquo, mais distante, onde as seguradoras naturalmente não podem chegar. É imprescindível darmos este passo e a SAHAM está a posicionar-se nele. Por outro lado, os seguros de saúde estão a ter uma grande progressão em Angola. As seguradoras que melhor souberem posicionar-se nesta área de negócio serão as vencedoras. Não se trata somente de ter canais de distribuição bons e eficazes na divulgação e venda destes produtos. Trata-se de ter produtos com futuro, adaptados às realidades de Angola e, fundamentalmente, sustentáveis (sendo o seguro de saúde um produto de elevado nível de consumo, não será possível por muito mais tempo manter soluções e coberturas no mercado angolano sem a existência de co-pagamentos, até porque não são economicamente viáveis). Por isso é importante ter soluções de seguros em que a cadeia de valor, por questões de custos e eficiência do negócio, esteja assegurada. Por isso, seguradores com ‘know how’ internacional podem ser aqui uma peça importante. É o caso do Grupo SAHAM que possui um TPA (Third Party Administrator) experiente, a operar em vários países de África – no nosso caso a MCI Care – que faz a gestão da nossa relação com as Clínicas e Hospitais e já hoje a operar em Angola.

Outras áreas de desenvolvimento do sector segurador em Angola são claramente os seguros multiriscos habitação (MRH) e os seguros de acidentes de trabalho para empregadas domésticas, procurando responder aos novos desafios que as centralidades colocam (MRH) e à crescente consciência de responsabilidade social que as políticas públicas incorporam.

Por último, gostaria de referir de este é um sector onde as empresas têm que estar capitalizadas. Sendo a SAHAM Angola Seguros uma das 32 Companhias de Seguros do Grupo SAHAM, é a segunda companhia do grupo em dimensão de negócio. Acreditamos muito em Angola e no seu potencial. Prova disso é um aumento de capital que faremos proximamente (2,519 biliões de kwanzas) e que tornará a SAHAM Angola Seguros uma das companhias mais bem capitalizadas do mercado segurador angolano e apta para responder aos desafios de desenvolvimento deste grande País.