Vítima de ataque cardíaco

Morreu o administrador do grupo Castel, o francês que se sentia angolano

Morreu ontem em Luanda o administrador-delegado, em Angola do Grupo Castel, Philippe Frédéric, após um ataque cardíaco.

Morreu o administrador do grupo Castel, o francês que se sentia angolano

De nacionalidade francesa, Philippe Frédéric chegou a Angola em 1986 e começou por trabalhar na indústria petrolífera.

Em nota de condolências, o grupo Castel lamenta a morte do seu administrador e lembra que Philippe Fréderic se juntou em 2009 à empresa como administrador-delegado das empresas em Angola, contribuído para a evolução da instituição, no qual lançou a implementação da fazenda de produção de milho em Malanje. "Ocupou o leme em crises sucessivas, durante a queda repentina do preço do petróleo e, mais recentemente, durante a luta contra a pandemia do Covid-19, sem nunca perder o optimismo", lê-se na mensagem de condolências.

O presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), Manuel Sumbula, em entrevista ao VALOR, diz que a morte de Phillipe Fréderic foi um “golpe muito grande para o sector”. “Era uma pessoa de personalidade forte e dedicada e ao mesmo tempo afável. São poucos os adjetivos que façam justiça ao homem bom, generoso e determinado como ele. Um profissional que primou por estar sempre em equipa. Viveu o mercado na sua essência sem nunca se isolar em ‘torres de marfim’. Foi uma pessoa curiosa e eterno aprendiz”, lembra.

Manuel Sumbula destaca ainda o administrador delegado do grupo Castel como um “angolano de gema”, apesar de ter nacionalidade francesa. “Na hierarquia da vida, da profissão e da sociedade ele é reconhecido como uma pessoa que lidou com todos com respeito e cordialidade e acima de tudo vivia Angola com intensidade. Apesar de ser francês, olhar e falar dele era falar de um angolano”.

Manuel Sumbula lembra que Phillipe Fréderic se identificava com Angola e cresceu no país, “dificilmente ia passar férias em outro sítio. Passar férias para o Phillipe era ir para Malange, Benguela, Lubango e Namibe, e não é por acaso que conseguimos desenvolver tão bem as empresas do sector”.

Bastante emocionado, em declarações ao VALOR, Manuel Sumbula tentava ainda digerir a notícia da morte. “Com ele, aprendemos a não desistir, a não fugir dos problemas e enfrentá-los com serenidade. Veio a covid-19 e ele não recuou. Deu um grande contributo na resolução do imposto de consumo que tinha sido agravado para que as empresas não continuassem a fechar. Foi muito cedo e jovem. Ainda tinha muito para dar. Trabalhava com ele todos os dias. Esta semana tínhamos várias reuniões agendadas. Foi sem dizer nada”

O administrador-delegado do grupo Castel tinha 56 anos e foi um dos fundadores da AIBA.

 O Grupo Castel em Angola está presente em todo o território nacional com unidades de produção e com equipas comerciais. O Grupo Castel possui, no seu ‘portfolio’, as marcas da Coca-Cola, Cuca, Nocal, EKA, entre outras.