Não há plano B…
O povo angolano, especial como alguém o chamou, acreditou no discurso daquela figura enigmática, aparentemente honesta que se lhes apareceu em 2017. Os angolanos acreditaram que esta figura de facto estaria disposta e habilitada a resolver os problemas políticos, sociais e económicos. Muito boa gente depositou a confiança e o voto no partido da situação para que, apesar de ter sido quem afundou o país, pudesse ele mesmo ser protagonista da mudança e da construção de um país mais justo para todos. Os discursos indicavam para esse caminho. O povo acreditou e reelegeu o mesmo partido, porém com um rosto diferente, o que dava essa sensação de segurança.
Aos poucos, no entanto, os mais atentos começaram a perceber que não é bem assim que a banda toca. A partir de 2019 então, muitos que ainda se encontravam em cima do muro deixaram de ter dúvidas. Cada vez mais ficava indisfarçável a completa mudança daquele que seria a ressurreição de Moisés. Aquele que veio para pôr um basta na corrupção, combateu com ou sem provas um grupo selecto e escolhido a dedo, sendo que muitos outros envolvidos em desvios, desmandos e descaminhos foram os indicados para ocupar cargos estratégicos. Os competentes, preparados e capazes foram, naturalmente, preteridos. Aquele que lá em 2018 alertou que as empreitadas públicas não podem ser entregues a “nossos familiares, nossos filhos” e que o MPLA devia ser o primeiro a impedir a constituição de impérios económicos por parte de uma família ou de uma pessoa, é o mesmo que hoje faz recurso dia sim e dia sim também à adjudicação directa, e doa grandes obras a grupos bem identificados, constituindo os novos donos disto tudo. Em meio a uma crise sem precedente, sempre que possível, fazem questão de enfatizar a necessidade do sacrifício do povo. Enquanto vivem à grande e à francesa, mimam-se com luxuosos carros, competem em número de horas no ar com as aeromoças, dão grandes bodas cá dentro lá fora, inventam obras megalómanas para justificar a saída de rios de dinheiro - que supostamente não temos. O que prometeu que viria resolver os problemas do povo e lançou ao ar a promessa de 500 mil empregos, numa altura em que o desemprego rondava os 24%, com o seu combate aos antigos donos do país e o encerramento de várias empresas, conseguiu o oposto e hoje o desemprego está acima dos 32%. Enfim as promessas, tanto em 2017 quanto em 2022, foram imensas que não dá para discorrê-las todas aqui, mas facto assente é que o país tem muitas pontas por onde se lhe pegue. Ainda assim, o executivo está preocupado em retalhar o país. Primeiro e justificando com a extensão territorial, apontaram as províncias do Moxico e do Cuando-Cubango como a primeiras a serem repartidas, agora com a justificação da densidade populacional querem também dividir Luanda. Não me vou alongar no mérito ou não da argumentação, até porque muito já se falou a respeito e não há mais pachorra.
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