Não nos silenciaram! Estamos de volta!
Não é porque por duas semanas, por questões alheias à nossa vontade, não houve Dias Andados, que os dias não andaram. Bem, na verdade, não andaram, correram. Muita água rolou debaixo desta ponte, quase a desabar, chamada Angola. Manuel Pereira da Silva foi ao "bis", porque afinal, em equipa que ganha não se mexe. "Manico" foi o escolhido para voltar a levar o MPLA rumo à vitória. Doa a quem doer. Norberto Garcia sonhou, no ‘talo’ sonho, que deve ser o de muitos angolanos, o MPLA foi para oposição.

Mas ‘man Garcia’ não gostou do sonho porque os camaradas estariam a pagar pela vida miserável que, em 50 anos, proporcionaram aos angolanos. Isto depois de ter replicado o milagre da multiplicação dos pães, já que desconseguiu, tal como tinha sugerido, a multiplicação de Zedús. No caso AGT o PGR admitiu estar a xixilar para reunir provas contra os supostos gatunos, enquanto José Leiria foi brindado com a recondução no cargo. Se a boss fica, porque é que ele tem de sair, não é mesmo?! O julgamento dos generais Kopelipa e Dino finalmente arrancou, mas no segundo dia foi interrompido, porque, pasmem-se, o tribunal esqueceu-se de providenciar um intérprete para um dos arguidos, que é chinês. Ainda lá no julgamento a juíza lembrou aos demais que havia um “interesse superior” para que o julgamento fosse célere. Sem como nem porquê, saiu-lhe a verdade pela boca. Entendedores, entenderam! Lá no Huambo os tais terroristas das toneladas também já se sentaram no banco dos réus. E para surpresa de um total de zero pessoas a trama para conectar o pseudo-ataque à Unita continuou, tendo à cabeça o advogado do diabo que antes mesmo de qualquer coisa começou por pedir uma delação premiada. Algum dia alguém tem nos explicar o que ACJ fez a David Mendes. Não podemos morrer na ‘impercebência’! E como o teatro, oops desculpem, o julgamento está a pipocar tanto é preciso que fique registado para a posteridade. Que tal uma foto de família?! Por isso os compadres, juízes, procuradores, advogados e os réus enfileiraram-se para que este momento nunca seja esquecido. Para completar a saga destas semanas sem Dias Andados quase uma dezena de individualidades que agarraram as suas ‘bicuatas’ e rumaram ao paraíso de ‘manLolas’, foram sumaria e inexplicavelmente barradas com sucesso. Quanta ousadia! Um monte de pró-democratas, mais um pai que protagonizou arruaças no país irmão de Angola e quase derrubou o siamês do MPLA, a convite dos inimigos de morte do partido-estado, queriam vir fazer festa na casa alheia, ainda por cima sem os anfitriões?! Resultado? Do aeroporto não passaram, por onde vieram foi por onde voltaram! E vão se queixar e pedir explicações aonde quiserem. Nós por cá já estamos mbora habituados a não nos explicarem nem esclarecerem nada. Afinal também nós somos inquilinos deste terreno de mais de um milhão de quilómetros quadrados. Mas como o karma não falha, nem se passou uma semana e o campeão da paz sentiu o sabor amargo de ser ignorado sem qualquer explicação. Enquanto tentava tecer a teia da reconciliação, e depois de muita insistência sobre a necessidade de colocar à mesma mesa a RDC e o M23, eis que não só Felix Tshisekedi declinou o encontro e mandou um representante, como o M23 não se dignou a mandar sequer um soldado em representação. A esperança, como sempre, foi a última a morrer, com o governo a jurar até quase ao último minuto que o encontro aconteceria. Quem poderia imaginar que o mesmo indivíduo que se apresentava como o salvador da pátria africana em crise era também o responsável por barrar a entrada de diversas personalidades africanas no seu país? Mas os desígnios do universo são caprichosos. O grande encontro falhou miseravelmente, com os líderes da República Democrática do Congo e do Ruanda a optarem por seguir para as arábias ‘Catar’ um oásis de paz em meio ao deserto da hipocrisia. Parafraseando o meme mais engraçado que se viu relativamente a esta tragicomédia, a diplomacia angolana descobriu o verdadeiro significado de “vai te ‘Qatar’”. E assim, o karma deu as caras. Aquele que se vestia de paladino da paz acabou por ser deixado à deriva nas águas turvas dos seus próprios dilemas. Porque, no final das contas, os aplausos são dados apenas àqueles que realmente praticam o que pregam. E como a Rádio Essencial também não está isenta de enfrentar problemas e de atravessar desertos, um inusitado curto circuito, deixou fora do ar por duas longas semanas, os tidos pelos ouvintes, como os dois dos mais importantes programas da sua grelha. Muito se cogitou sobre este fatídico incidente, com os mais pessimistas a jurarem que a famosa cultura do saco azul chegou à Essencial. Mas a situação agravou-se esta semana quando, por decisão fundamentada da direcção da Rádio, foi retirada do ar uma entrevista. As críticas ganharam outro tom. “Cobardes”, “cederam à pressão”, “era uma vez a Rádio Essencial”, “estão a ser apertados”, “foram censurados”, “É medo, já não terão arroz branco com peixe frito”. “Perderam a credibilidade”. Foram alguns das centenas de cometários na página da Essencial. Mas houve um, em particular, replicado dezenas de vezes: “ORDENS SUPERIORES”. Afinal de contas a Rádio Essencial submeteu-se as essas tais ordens? O tempo responderá…
*Crónica do programa ‘Dias Andados’, referente ao dia 21 de Março de 2025
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