Nespred formaliza negócio de microcrédito
TRANSFORMAÇÃO. Empresa abdicou do negócio informal de microcrédito e já recebeu o aval do BNA. Empréstimos têm juros de 25%.
A empresa Nespereira e Costa, ligada à importação, comércio e hotelaria, abandonou o negócio informal de microcrédito, depois de os seus sócios criarem, em 2016, uma unidade especializada no negócio de pequenos empréstimos, a Nespecred.
O novo operador de microcrédito teve de aguardar, entretanto, dois anos para começar a operar e, desde há seis meses, já concedeu 14 milhões de kwanzas a mais de 88 pessoas, entre assalariados, grupos de comerciantes e pequenos empreendedores.
Quanto a reembolsos, os valores já atingiram, no mesmo período, os 20 milhões de kwanzas, valores ainda aquém dos 200 milhões de kwanzas que a empresa ambiciona arrecadar até ao fim do ano.
Esmeralda Afonso, ‘compliance officer’ da instituição, considera que “a meta é alcançável”, dado o elevado nível de reembolso por receber.
Por exemplo, se um cliente solicitar 200 mil kwanzas, no final de seis meses, terá de pagar 500 mil kwanzas, mas pode fazê-lo por parcelas mensais de 83.033 kwanzas.
Esmeralda Afonso garante que os clientes “estão a cumprir com as obrigações”, embora alguns se atrasem por imprevistos, como mortes ou atraso salarial. Nestes casos, “acabam por vir renegociar para pagar num prazo mais alargado”. Maio foi, até agora, o “melhor período” para a empresa, nesses seis meses de actividade.
Fácil ser formal
Para beneficiar de um crédito na Nespecred, cujo limite imposto pelo BNA não ultrapassa um milhão de kwanzas, ao requerente, se for pequeno investidor do sector formal, são exigidas a documentação da empresa e a assinatura de uma procuração irrevogável, que permite ao fornecedor realizar operações na conta bancária do cliente.
Embora se recuse a abordar sobre as comerciantes ilegais de divisas, que também realizam empréstimos ilegais com juros de 25% e de 50%, Esmeralda Afonso considera que a informalidade, no sector financeiro “é um fenómeno que deve ser combatido, dadas as dificuldades que impõem às empresas” e à economia, em geral.
“Aconselho aos que exercem actividade de microcrédito de modo ilegal a formalizarem o negócio. É rápido e simples”, sublinha a responsável da Nespecred, apontando os efeitos das dificuldades conjunturais impostas pela crise de divisas. “O microcrédito passou a ser uma das actividades das ‘kinguilas’ ou vendedoras informais de moedas estrangeiros, tendo em conta a dificuldade de acesso às divisas”.
De modo geral, a burocracia dos bancos e das instituições de microcrédito tem sido apontada como a principal razão da tendência crescente do mercado informal de microcrédito. Segundo o BNA, estão autorizadas a exercer a actividade de microcrédito 40 instituições.
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