ANGOLA GROWING
Relações Angola e Estados Unidos

Nota de esclarecimento

Perante o pretenso desmentido publicado na Angop, hoje, 27 de Março de 2019, em relação à nossa matéria de capa da edição 151 com o título “EUA força Angola a afastar-se da China e da Rússia”, e porque a matéria da agência cita uma alegada “fonte diplomática angolana”, vimos esclarecer o seguinte:

Nota de esclarecimento

1. Em momento algum, o VALOR afirmou que o assunto em questão foi tema de conversa entre o subsecretário de Estado dos Estados Unidos, John Sullivan, e o Presidente da República, João Lourenço.

2. A nossa matéria identifica claramente que as declarações de John Sullivan - que estão registadas - foram proferidas publicamente, no dia 18 de Março de 2019, no encontro que manteve com membros da Câmara de Comércio Angola-EUA (USACC) e da Câmara Americana de Comércio (AmCham-Angola). Inclusivamente a matéria cita comentários de individualidades que ouviram os pronunciamentos.

3. Sobre as demais insinuações no pretenso desmentido, não nos vamos pronunciar. Simplesmente porque já foram objecto de vários esclarecimentos da nossa parte. De qualquer forma, importa relembrar que os órgãos tutelados pela Gem Angola Global Media vivem exclusivamente comprometidos com o jornalismo. O VALOR não alterou uma vírgula no seu posicionamento editorial desde a sua existência. Não somos e nunca fomos a favor deste ou daquele Governo. Simplesmente fazemos jornalismo.

4. Aproveitamos a oportunidade para republicar o EDITORIAL número 1 do VALOR, o qual apresenta as linhas mestras do nosso compromisso com a sociedade. O nosso trabalho fala por si.

COMPROMISSOS DE VALOR*

O último conselho do Professor Thomas Sargent, o Nobel de Economia de 2011, na entrevista desta edição de estreia, resume a razão de fundo que motivou o lançamento deste jornal. “Parte dos trabalhos dos economistas, e também dos jornalistas, é ajudar a identificar essas políticas e advogá-las. Defendê-las”, lê-se no último parágrafo da página cinco. As políticas a que Sargent se refere, no contexto restrito da entrevista, são aquelas que promovem a eficiência económica e combatem as desigualdades sociais. Numa interpretação mais ampla, são aquelas que traduzem qualidade de governação. São as que produzem o progresso económico e social. As que, no fundo, proporcionam a felicidade das famílias, tão almejada por sociedades como a nossa.

O VALOR ECONÓMICO surge especificamente com este propósito. O compromisso essencial e único que assumimos com os leitores é claro: fazer jornalismo. E, neste caso, não lhe acrescentamos qualquer epíteto. Porque só é jornalismo, de facto, o exercício que elege o relato e a interpretação da realidade e dos factos, com base nos critérios do rigor e da verdade. O resto é qualquer coisa que se confunde com jornalismo. O resto é a alternativa que recusamos. Rejeitamos, no todo, alguma prática que, infelizmente, vai ganhando espaço, na nossa media, que confunde a função dos jornais com a de uma montra de exibição do elitismo. Declinamos, convictamente, a manipulação gratuita. A conformação com o mais fácil. E a tentação do desrespeito aos leitores pela mentira propositada, muito frequente nas redacções que alienam valores absolutos da profissão, em nome de interesses estranhos ao jornalismo. É este o nosso compromisso. Alguma dúvida? Voltemos à aula de Sargent e encontramos o esclarecimento. Apenas o jornalismo comprometido é capaz de efectivar a intermediação pura que regula os excessos e os desvios dos poderes. Mas também que contribui para a clarificação de posições e definição de consensos sobre matérias que afectam os interesses comuns. É isso com que verdadeiramente nos comprometemos. E vamos fazê-lo pela apreciação crítica das políticas públicas. Pela divulgação e análise da intervenção dos actores privados. E, claro, pela pluralização de ideias, através da opinião e do debate sobre os grandes temas nacionais.

A presença do Professor Sargent, em Angola, é uma espécie de pontapé de saída neste sentido. Num momento em que o país se vê a braços com a mais grave crise económica do pós-guerra, nada melhor do que ouvir a experiência externa, tirar dela os ensinamentos possíveis e aplicá-los aos problemas concretos da forma mais adequada. A intervenção dos ‘experts’ nacionais também está salvaguardada. Manuel Nunes Júnior e Armando Manuel dão o exemplo desta vez, juntando-se à conferência que debateu “o crescimento económico em contexto de crise”, em Luanda. Aliás, como lembra oportunamente Sargent, não há quem conheça e descreva a realidade angolana melhor do que os próprios angolanos. Os nossos analistas e estudiosos das ciências económicas têm por isso, neste jornal, um espaço privilegiado para debitarem as suas ideias. Os que pensam sobre questões sociais, políticas, culturais e jurídicas também contam. O convite está formulado. Dos nossos leitores esperamos, claro, leitura e crítica. Estamos juntos.

*Editorial publicado no dia 14 de Março de 2016 (2ª Edição do VALOR)