ANGOLA GROWING

O CAMINHO PELA FRENTE

Uma nova estreia. Num jornal recente, de gente jovem, mas experiente e arejada com vontade de progredir e fazer acontecer mais progresso no país que comungamos – Angola. Não falarei das grandes tendências globais, nem das lógicas de desenvolvimento dos diferentes blocos geo políticos, económicos e estratégicos mundiais. Não falarei das influências que as decisões dos Grandes do Poder Mundial (entenda-se corporações multinacionais, blocos económicos, associações que governam o mundo e países poderosos) exercem sobre nós. Falarei apenas, e de forma breve e simples, do alinhamento de Angola na Região dos Grandes Lagos. Com origens que remontam a 35 milhões de anos e profundidades que, nalguns casos, são as maiores do mundo, os ‘Grandes Lagos Africanos’ separam e unem países, partilhando as margens, Tanzânia, Quénia e Uganda (lago Victoria), República Democrática do Congo com Uganda (lagos Eduardo e Alberto), com Ruanda (lago Kivu) e com Tanzânia e Burundi (lago Tanganika). Noutros casos são os rios onde as águas dos lagos aportam que estabelecem a ligação física de países como Angola e Congo Democrático à região. Mas a República Centro Africana, o Sudão e o Sudão do Sul, bem como a Zâmbia, também integram a região, mesmo sem conexão material.

Estes 12 países, ligados ou não fisicamente, decidiram unir as suas forças na concretização de objectivos de paz, de progresso e de desenvolvimento, designando a organização que os une, como ‘região dos Grandes Lagos’. Esta região agrega territórios na ordem dos 7% de toda a superfície terrestre onde vivem 314 milhões de habitantes que equivalem, aproximadamente, a 5% da população mundial. Além da dimensão material e humana, a sua importância radica igualmente na localização geográfica e recursos de o solo e de o subsolo.

Tal como Angola, vários dos países que integram a região dos Grandes Lagos pertencem, em simultâneo, a outras associações regionais da África sub-Sahariana. O que suscita a reflexão sobre o interesse em diversificar esforços, tempos e recursos em diferentes organizações regionais, ao invés de os concentrar numa única.

Historicamente, Angola tem laços muito fortes com a África Austral onde, no âmbito da SADC – Southern African Development Community (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) - foram bem sucedidos projectos políticos decisivos para as independências da Namíbia e do Zimbabwé e a eliminação do ‘apartheid’ na África do Sul. Políticas de integração económica, em diversas dimensões, assim como de ajuda mútua, têm produzido resultados interessantes e continuam em curso. A participação de Angola é bem sucedida e o progresso da região continua.

Será boa opção para Angola ‘dispersar-se’ para outros destinos, como a região dos Grandes Lagos? Opiniões certamente divergem. Quanto a mim, creio ser acertado ‘estar’ nas duas organizações regionais – a SADC e os Grandes Lagos. Porque a geografia se potencia, estrategicamente, nas esferas social e económica, além de que a fronteira de Angola com a República Democrática do Congo e com a Zâmbia obriga e cria essa necessidade.

Como a experiência veio comprovando, a contribuição de Angola para o progresso na pacificação de países da região dos Grandes Lagos é muito positiva. Nessa linha, focados na ‘pacificação da região’, os chefes de Estado e de Governo dos 12 países que a integram, reunidos na VIª. Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), nos pretéritos dias 14 e 15 do corrente, tendo Angola como anfitriã e líder, confirmaram esses progressos. Foi nessa linha que o Presidente José Eduardo dos Santos, que exerceu o mandato de Presidente da Comissão desde 2014, foi convidado pelos seus Pares a exercer mais um mandato. Aceite o repto, deverá assumir essa grande responsabilidade até 2018. Na actual fase, os esforços devem ser orientados para a promoção da paz, da segurança e da estabilidade, com base em princípios estabelecidos num Pacto homólogo. As acções de carácter político, militar e de segurança, predominantes na actual conjuntura, deverão servir de rampa de lançamento do grande objectivo de integração económica.

Os países da região são diferentes em tamanho, demografia, estruturas social e económica e mais. Mas, de um modo geral, têm boas condições para a agricultura, em solos, climas e hidrografia que, com o emprego de tecnologia, poderão tornar a Região numa grande potência agrícola. E, a mais longo prazo, com muita ciência, técnica e ambas aplicadas em tecnologia, permitirão acrescentar valor internamente, transformando o solo e os minerais do subsolo em riquezas dos próprios africanos. Preservando a natureza e protegendo os princípios da equidade entre gerações presentes e destas com as herdeiras.

As potencialidades agrícolas ainda não são exploradas uniformemente por todos. Na maior parte, são os recursos provenientes do solo e do subsolo que garantem recursos públicos e divisas, através da extracção e exportação de matérias-primas. Os impactos sofridos nas economias dos países da Região foram diferentes de acordo com a composição dos respectivos produtos internos brutos e suas relações com o exterior. Os países essencialmente agrícolas mantiveram alguma estabilidade, apesar dos choques de preços, mas aqueles cujas finanças públicas e garantia de processos de consumo e investimento internos dependem da exportação de petróleo ou outros minerais ainda continuam a sofrer da crise. São os tempos da globalização que obrigam a cuidados acrescidos na aplicação de políticas de estabilização macro económica a curto prazo e políticas que reduzam a dependência a médio e longo prazos. As boas relações entre países também contribuem para garantir sucesso futuro.