Quase 500 milhões de pessoas vivem sem segurança da água em África
SUSTENTABILIDADE. Angola está entre os países com segurança considerada “escassa”. De acordo com a ONU, entre os países lusófonos, a Guiné-Bissau é o menos bem classificado no que toca à segurança da água no continente.
Celebra-se, esta terça-feira, 22 de Março, o Dia Mundial da Água. Este ano, o tema do relatório das Nações Unidas é centrado nas águas subterrâneas.
De acordo com a ONU, quase 50% da população urbana mundial depende de fontes de água subterrâneas.
Em África, quase 500 milhões de pessoas vivem sem segurança da água e apenas 13 dos 54 países do continente têm um “nível moderado” de segurança dos recursos hídricos e dos sistemas sanitários, revela um estudo da universidade das Nações Unidas.
Angola está entre os países com segurança considerada escassa. Entre os países lusófonos, a Guiné-Bissau é o país menos bem classificado no que toca à segurança da água em África.
A Guiné Equatorial é o lusófono mais bem classificado, juntamente com São Tomé e Príncipe, no grupo dos que têm uma segurança da água “modesta”.
Cabo Verde, Angola e Moçambique estão entre os países que têm uma segurança da água “escassa”.
Este é o primeiro levantamento sobre a segurança da água em África, feito pelo Instituto para a Água, o Meio Ambiente e a Saúde da Universidade das Nações Unidas.
Segundo o relatório, a definição de segurança da água das Nações Unidas é “a capacidade de uma população de garantir o acesso sustentável a quantidades adequadas de água com qualidade aceitável para sustentar a subsistência, o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconómico, para garantir a protecção contra a poluição da água e desastres relacionados com a água e para preservar os ecossistemas num clima de paz e estabilidade política".
Os investigadores avaliaram a segurança da água nos 54 países africanos através de 10 indicadores, entre os quais a disponibilidade de água potável, o acesso a saneamento, indicadores de saúde e higiene ou qualidade da água.
A investigação conclui que nenhum país ou região africana alcança o nível de segurança da água mais alto, classificado como “modelo”, nem sequer o nível seguinte que é “eficaz”.
Segundo o ‘ranking’, o Egipto, o Botsuana, o Gabão, as ilhas Maurícias e a Tunísia são os países com maior segurança da água, enquanto a Somália, o Chade e o Níger são os piores.
Já o relatório hídrico das Nações Unidas revela que quase toda a água doce líquida do mundo é subterrânea.
Estimava-se que 97% da água doce no mundo estivesse no subsolo, mas o novo relatório lançado ontem, actualizou essa parcela para 99%.
O nono Fórum Mundial da Água vai focar as discussões no uso sustentável das águas subterrâneas como uma saída para aumentar a produção de água e atender uma demanda que, até 2030, deve crescer 1% todos os anos no mundo.
“Face aos desafios das mudanças climáticas e aos eventos extremos do clima que o mundo já experimenta, com secas e enchentes, a boa conservação desse sistema de absorção, armazenamento e reposição de água tem papel fundamental”, observa a ONU.
As águas subterrâneas têm potencial de elevar o desenvolvimento social e económico das regiões, aponta o relatório, intensificando a agricultura com irrigação e abastecendo cidades e indústrias.
No entanto, a organização alerta que sem a fiscalização de governos para manter o consumo em escala sustentável, esse recurso não será infinito.
Com o esgotamento devido à intensa extracção em alguns locais do mundo, a ONU estima que hoje entre 15% e 25% da água captada do subsolo não esteja a ser reposta pela natureza.
O ambientalista Simão Grilo caracteriza o Dia Mundial da Água como sendo o dia da vida, pelo facto de a água ser um bem essencial a todas as espécies.
O especialista lamenta que mesmo sendo o segundo país com grandes bacias hidrográficas, ainda seja visível a escassez do líquido em algumas zonas do país.
Para o ambientalista o tema escolhido para este ano é uma das soluções para suprir a possível escassez nos próximos tempos e considera as águas subterrâneas reservatórios, daí que apela para a não poluição da terra.
Relatório da ONU avisa que perto de 500 milhões de africanos vivem sem segurança da água.
O dia mundial da água é celebrado há 30 anos e tem como objectivos a preservação, a reflexão sobre o carácter limitado, além da luta pela distribuição justa deste recurso natural.
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