UAN mantém suspensão de Maria da Natividade
ENSINO SUPERIOR. Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FC/UAN) garante que suspensão da docente de Matemática “não se deveu ao rigor” mas a “incumprimentos do regime académico”. Maria da Natividade diz-se “vítima de um boicote” por parte dos estudantes e da direcção da FC/UAN.
A direcção da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FC/UAN) garante que a exoneração de Maria da Natividade do cargo de chefe do departamento de Matemática e a respectiva suspensão de dar aulas “não se deveu ao rigor” com que a professora conduz os trabalhos, mas sim a “incumprimentos do regime académico”.
Numa entrevista colectiva realizada na passada semana, em Luanda, a decana da FC/UAN, Suzanete Costa, assegurou terem sido “comprovadas” as queixas e reclamações dos estudantes, mas recusou-se a explicar que razões realmente foram invocadas pelos discentes e que alegadamente foram confirmadas pela comissão de inquérito.
Sublinhando que o inquérito ainda decorre, pois surgiu a necessidade de serem ouvidos outros docentes, Suzanete Costa recusou-se igualmente a confirmar se, no final do processo, Maria de Natividade poderá ou não voltar a dar aulas, estando já confirmada a exoneração do cargo de chefia. “Estamos a falar do futuro, e as pessoas [que estão a trabalhar no inquérito] ainda não concluíram o seu trabalho”, comentou Suzanete Costa, alegando que se trata de “um assunto interno” e que os jornalistas foram chamados ao ‘campus’ da UAN apenas para receberem a garantia de que a instituição “não está contra” a professora doutorada em Matemática.
A decana acrescentou que, dos oitos departamentos que compõem a faculdade, apenas o de Matemática, que era dirigido por Maria de Natividade, apresenta conflitos que obrigam a que a decana ou a reitoria tenham de intervir.
Maria da Natividade é contestada pelos estudantes de Matemática da UAN, mas a professora, numa entrevista exclusiva ao NG, alegou ser vítima do “rigor” que impõe, como a preferência por docentes especialistas em detrimento de quem estudou engenharia. No início do mês, foi suspensa de dar aulas e exonerada do cargo de chefe de departamento. Sem avançar datas, a direcção da FC/UAN promete, no final do inquérito, emitir um comunicado a explicar os pormenores da investigação.
“Vítima de um boicote”
Em recentes declarações ao jornal ‘Nova Gazeta’, a professora de Matemática disse sentir-se “vítima de um boicote” por parte dos estudantes e da direcção da FC/UAN, que a acusam de criar dificuldades aos estudantes.
A docente, na entrevista, desvalorizou as queixas e acusações e garantiu que tudo acontece por querer implementar reformas e aplicar o regulamento. Revelou ainda que já foi convidada a demitir-se e, por se ter recusado, tem sido vítima de ameaças.
Única professora doutorada em ciências matemáticas em Angola, jura querer apenas “rigor e melhorar o ensino”, uma situação que tem sido encarada como “má-fé e arrogância” e que já lhe custou o cargo de chefia no departamento na FC/UAN e a suspensão de todas as actividades académicas.
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