ANGOLA GROWING
Carlos Rosado  de Carvalho

Carlos Rosado de Carvalho

Economista

O facto de a Lei não permitir o acesso do público à declaração de bens de titulares de cargos públicos, nada impede que estes o façam por sua iniciativa. Por isso, desafio os candidatos a deputados, em especial os dois primeiros da lista, isto é os candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, a abrirem ao público a sua vida financeira.

 

Em 2021, oito entre os 10 maiores bancos angolanos registaram lucros de 508,8 mil milhões de kwanzas, mas pagaram apenas 34 mil milhões de kwanzas de impostos sobre os lucros, o equivalente a uma taxa efectiva de 6,7%, quando a taxa de imposto industrial é de 35%. Tudo graças aos benefícios fiscais da dívida pública.

 

Em todo o mundo, as bichas para os empréstimos estão cheias de caloteiros a tentar enganar os bancos. Em 2019, Angola era vice-campeã africana nesta matéria com 23,2% de crédito malparado. Depois ficamos surpreendidos porque os bancos não concedem crédito.

 

Quando uma economia cresce abaixo da população, o País empobrece, o desemprego aumenta e cada vez mais crianças ficam fora do sistema de ensino. Como as previsões de crescimento não são animadoras, vai ser mesmo preciso fazer menos filhos para equilibrar a balança. Só não percebe quem não quer.

 

A descida da dívida em percentagem do PIB no último ano deveu-se à valorização do kwanza, que reduziu o stock da dívida em moeda estrangeira quando convertida para kwanzas, e ao aumento do preço do petróleo, que puxou o PIB para cima. Como o kwanza valorizou graças à subida do petróleo, contas feitas, foi São Petróleo que fez o “milagre” da descida da dívida.