DIZ-SE QUE EM ?2020 HAVERÁ MUITO PETRÓLEO E, POR ?ISSO, MENOS DINHEIRO… E NÓS?

19 Nov. 2019 César Silveira Opinião
D.R.

Os recados sobre o mercado petrolífero em 2020 são perigosos para Angola. A dificuldade parece incontornável caso se concretizem os prognósticos. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a produção dos países que não fazem parte da OPEP vai crescer 2,3 milhões de barris por dia (mb/d), quase o dobro do aumento esperado da procura, estimada em 1,2 milhões de barris/dia.

Caso se concretize, dificilmente o preço médio do barril fixar-se-ia nos 59,02 dólares, que é o previsto no OGE de 2020. O Governo de João Lourenço confrontar-se-ia, neste caso, pela primeira vez, com uma situação de défice do preço do barril. O saldo foi positivo tanto em 2018 como este ano.

O desafio exigiria estratégias incomuns no sentido de evitar que a população enfrentasse dificuldades maiores do que as que está a enfrentar este ano. Seria o fim para muitos. Ao mesmo risco estaria exposto o Governo pelo que se apela para medidas de emergência para no caso do pior cenário.

A aposta do Governo em programas como PIIM e PAC está longe de dar resultado num futuro próximo, assim como a aposta do Governo na melhoria do ambiente de negócios.

Os números da Aipex divulgados recentemente mostram, entre outras coisas, que os empresários continuam pouco seguros quanto a investimentos em Angola. Apenas se materializaram investimentos avaliados em 780 milhões num universo de intenções de 1,6 mil milhões de dólares. Ou seja, estão a ser implementados apenas 41 projectos. Muito pouco. Precisa-se de mais. É urgente estudar a melhor maneira de incentivar estes investimentos, embora alguns dos empecilhos estejam devidamente identificados.

O risco político é um facto, pois ninguém pretende investir num país onde corre o risco de ver contratos de milhões serem revogados na sequência da mudança de liderança. Também é um facto o risco económico e financeiro, liderados pela desvalorização da moeda e, sobretudo, pela falta de divisas. Portanto, mais do que antes, é urgente apostar-se na diversificação.

César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico