A solidariedade exigida pelo Covid 19 e a incapacidade dos empresários
Nada mais resta senão desejar que o facto de o país ser dos últimos a contrair a pandemia não seja necessariamente também dos últimos a livrar-se dela. Mas pode ser que assim seja, pois há fortes indícios de que se usou mal o período de graça que nos foi concedido, não se aprendeu o suficiente com as primeiras vítimas internacionais. Não se aprendeu, por exemplo, que a quarentena era uma necessidade rígida e sem margens para negociações e muito menos solidariedade. Mas houve negociações e solidariedade com os passageiros do famoso voo proveniente de Portugal e o resultado mostra que se cometeu um erro grave.
Este erro surgiu de um outro, referente à demora do Governo em fechar as fronteiras, visto que a situação há muito apelava para a referida medida. Sorte diferente tiveram os estudantes angolanos na China, estes sim conhecerem a posição firme do Governo quando apelavam para que se criassem condições para o regresso ao país. A China ia isolada na convivência com a doença, hoje está a recompor-se dos danos, enquanto por cá a saga vai no princípio.
Resta a responsabilidade individual no sentido de impedir-se a expansão dos vírus. Que a irresponsabilidade de alguns dos que regressaram de Lisboa naquele maldito dia 17 e, sobretudo dos responsáveis governamentais que geriram a situação com leviandade, fique mesmo por aí. E que as consequências sirvam de exemplo para todos e cada um dos que habitam Angola. É o que resta, assim como empenho e solidariedade.
Pena é que, por cá, contrariamente ao que acontece em muitas geografias, dificilmente se assistirá a desfiles de acções de solidariedade ou de responsabilidade social da classe empresarial, visto que a pandemia apanhou a classe de mãos atadas. Poucas serão as empresas e ou empresários com margem para doações ou contribuições.
Pelos resultados que são públicos, apenas as petrolíferas, os bancos e as empresas de telecomunicações, concretamente Unitel e Movicel, estão em condições de ajudar no que for necessário. Apesar do impacto negativo que tiveram com a implementação do Impostos Especial de Consumo, IEC, o sector das bebidas também se coloca entre os que podem auxiliar o Governo. E também umas poucas que, nos últimos anos, lideraram as escolhas do Governo na adjudicação de empreitadas como são os casos, por exemplo, da Omatapalo e algumas menos conhecidas.
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