Primeiro país com fome devido às alterações climáticas
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Fome em Madagáscar é particularmente mais forte no Sul do país. Há mais de um mês, ONU avisava que a fome crescente colocava em risco mais de um milhão de pessoas. Acesso à ilha é difícil devido à pandemia e às restrições.
Madagáscar é o primeiro país do mundo a passar fome devido às alterações climáticas, sendo a população obrigada a comer gafanhotos, folhas de cato e até lama, disse recentemente uma responsável das Nações Unidas.
A actual situação, resultante de vários anos de seca, levou o chefe do Programa Alimentar Mundial (PAM), David Beasley, a dizer que se “parece algo que se vê num filme de terror”.
A directora regional do PAM para a África Austral, Lola Castro, falou de uma situação “muito dramática” numa entrevista em vídeo com vários órgãos de comunicação social. “O pior ainda está para vir”, disse, citada pela agência France-Presse (AFP).
“Temos pessoas à beira da fome e não há conflito. Há apenas as alterações climáticas, com os seus piores efeitos que as estão a afectar gravemente”, apontou, considerando que é necessária uma acção rápida da comunidade internacional. “Estas pessoas não contribuíram em nada para as alterações climáticas e estão agora a assumir todo o fardo” referiu Castro, citando Beasley.
A fome em Madagáscar é particularmente mais forte no Sul do país. Há mais de um mês, a ONU tinha já avisado que a fome crescente colocava em risco mais de um milhão de pessoas. Uma ilha no oceano Índico, Madagáscar continua a ser de difícil acesso, tanto para a ajuda humanitária, como para os órgãos de comunicação social, devido à pandemia da covid-19 e às restrições a esta associadas.
As agências de ajuda humanitária estão a tentar consciencializar para a tragédia, mas apelam para a atribuição de fundos, dizendo que os actuais são insuficientes.
O Sul de Madagáscar vive a pior seca dos últimos 40 anos e levou 1,14 milhões de pessoas a sofrerem de insegurança alimentar, numa crise “invisível” para o mundo, como denunciou a ONU.
Milhares de pessoas foram deslocadas à força pela crise e as que ficaram em casa foram forçadas, por exemplo, a alimentar-se do que encontram nas florestas. Além disso, a desnutrição aguda global moderada ou grave, entre as crianças malgaxes com menos de cinco anos, duplicou nos últimos quatro meses, atingindo 16,5% do total.
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