Angola deve cortar 87 mil barris para colocar petróleo nos 60 dólares
CRUDE. Exportadores de petróleos concluíram, na reunião da semana passada, que corte de 1,2 milhões de barris diários na produção petrolífera global pode ajudar a posicionar preço do barril entre 55 e 60 dólares. Luanda deve contribuir com redução de 87 mil barris/dia. Meta global deve chegar aos 3,2 milhões.
Os países produtores e exportadores de petróleo vão baixar até 3,2 milhões de barris/dia (mbpd) de petróleo da sua quota global, com Angola a contribuir com uma redução de 87 mil do total de 1,782 milhões, com vista a elevar o preço do barril entre os 55 e os 60 dólares.
Esta posição foi defendida e concordada, na semana passada, pelos expoentes máximos da produção petrolífera mundial – a Arábia Saudita (10,491 milhões), Iraque (4,455 milhões), o Irão (3,665 milhões) e demais membros da OPEP – durante uma reunião em Viena, que, pela primeira vez em oito anos, decide baixar a produção a favor do escoamento dos stocks existentes e pela ‘reanimação’ das economias fortemente dependentes do petróleo.
Assim, e com a entrada em vigor do acordo, Angola deverá recuar a sua produção até 1.679 milhões, ou seja, menos 87 mil mbpd aos actuais 1.766 milhões, de acordo com a decisão da OPEP, que estima, para os 14 países-membros, um tecto de produção da ordem dos 32,5 milhões de barris por dia, uma redução de 3,6%.
A decisão ajuda a pôr fim a meses de negociações entre países com capacidade para suportar as quebras de preço que se verificam desde meados de 2014 e aqueles cujas economias estão a ser fortemente penalizadas pela quebra, com destaque para Angola e a Venezuela.
O acordo mereceu, de imediato, reacções de vários pontos do mundo, com destaque para os líderes dos países da organização, nomeadamente a Arábia Saudita, que, com a medida, antevê um “reequilíbrio” no mercado do ouro negro.
“Este é um bom dia para o mercado de petróleo, para a indústria do petróleo. Após o acordo, os mercados estão a reequilibrar-se”, afirmou o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, em declarações aos jornalistas no intervalo do encontro.
Do lado dos mercados, e mesmo antes da conclusão do encontro da OPEP, foram vários os reflexos: de 28 de Novembro a 2 de Dezembro, o preço do brent – referência para as vendas de Angola – avançou 10,1%, ao sair de 48,24 dólares para 53,13, até à tarde da última sexta-feira.
Além de Angola, contribuem ainda para a estabilização de preços do petróleo a Arábia Saudita, a liderar os cortes com 486 mil bdp, o Iraque, com 210 mil bpd, assim como os Emirados Árabes, que baixar perto dos 140 mil bpd, enquanto o Kuwait reduzirá em 131 mil.
Do grupo de cortes, devem ainda integrar o Catar (30 mil bpd), Venezuela (95 mil bpd), Argélia (50 mil bpd), Equador (26 mil bpd) e Gabão (9 mil bpd). A excepção vai apenas para a Líbia e a Nigéria, que, também por decisão do cartel, ficaram isentos de contribuir para o acordo.
Outros ‘canais’ serão usados para determinar a produção de cada um. Porém, o Kuwait, Venezuela e Argélia ficaram encarregados de monitorar a aderência dos membros do cartel ao acordo.
NÃO-OPEP VÃO AJUDAR
Apesar de ser da iniciativa da OPEP, vários outros ‘players’ do sector petrolífero mundial deverão estender ‘mão’ ao repto da organização. É o caso da Russia que, segundo um alto representante do Governo da Nigéria, está disposta a baixar a sua produção com cortes “significativos”.
“Nossos amigos da Rússia e outros países não membros da OPEP concordaram em contribuir com cortes significativos a partir de Janeiro do ano que vem”, completou o responsável nigeriano, citado pelo site de negócios ‘Dow Jones Newswires’.
*Agências e Dow Jones Newswires
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...