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ESTUDO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PREVÊ AUMENTO NA PRODUÇÃO DE RESÍDUOS

Angola produz mais de três milhões de toneladas de lixo por ano

RESÍDUOS SÓLIDOS. Pelo menos, mil toneladas de lixo são depositadas diariamente só no aterro sanitário dos Mulenvos. Relatório da UCAN prevê maior desproporcionalidade na capacidade de recolha e tratamento.

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Um total de 3,5 milhões de toneladas de lixo é produzido anualmente em Angola, avança a Universidade Católica de Angola (UCAN), através do ‘Relatório Social de Angola 2016’, que foi apresentado na passada semana, em Luanda.

De acordo com o documento, que faz referência a dados do Ministério do Ambiente, do referido número, 1,3 milhões, equivalentes a um terço, são produzidos em Luanda, num rácio que se estima entre 75 e 80 gramas por cada habitante.

O documento sublinha que, com o ritmo actual de crescimento demográfico, as autoridades admitem um cenário desafiador, ao prever o aumento do volume de produção dos resíduos na capital na ordem de 146 por cento até ao ano de 2025, sendo que a capacidade de recolha tratamento crescerá desproporcionalmente.

“Considerando que, na sequência da crise económica, as verbas para o subsector de saneamento têm sido sistematicamente reduzidas, pode dizer-se que, em 2016, o volume de lixo de todos os cidadãos do país foi de longe superior ao que as operadoras conseguiram recolher”, calcula o estudo.

O relatório refere as medidas adoptadas pela província de Luanda para contrapor a problemática do lixo, como o programa ‘sábados vermelhos’, e a campanha de 45 dias liderada por uma comissão nomeada pelo Presidente da República ainda em 2016.

O estudo acrescenta que as restantes províncias seguiram o exemplo de Luanda, tendo adoptado modelos participativos de gestão de lixo, com destaque para o Zaire, com o programa ‘Verde na cidade de Mbanza Congo’; Ondjiva, Cunene, Lobito, Benguela, com um modelo que inclui a participação financeira dos munícipes e empresas; Huambo e Dundo, Lunda-Norte, da co-participação física.

O relatório, de 303 páginas, está dividido em oito capítulos que abordam a participação política dos cidadãos, perfil sanitário angolano, avaliação do comportamento dos principais indicadores educacionais, a problemática de água e saneamento básico no país.

Acções levadas a cabo pelo extinto Ministério da Assistência e Reinserção Social, no âmbito da Política Nacional de Assistência Social, os tipos de recursos naturais, a problemática dos sectores da sociedade civil e das mudanças que estão a produzir em Angola e uma monografia sobre a pobreza no município de Kalandula, em Malanje, são outras questões abordadas no relatório.

Em Março do corrente ano, a ministra do Ambiente, Paula Coelho, anunciou que mil toneladas de lixo eram depositadas diariamente no aterro sanitário dos Mulenvos, em Luanda. Na altura, disse que a quantidade de lixo que Luanda produzia girava em torno dos 0,65 quilos diários por pessoa, o que a tornava insustentável, por haver apenas um aterro.