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BNA altera regime da taxa de câmbio

03 Jan. 2018 Mercado & Finanças

O regime da taxa de câmbio a ser adoptado pelo Governo angolano será flutuante, deu a conhecer, nesta quarta-feira, 3, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano.

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A informação foi avançada durante uma conferência de imprensa da equipa económica do Executivo, liderada pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior. O regime da taxa de câmbio vigente é fixo.

Entretanto, o docente universitário, Flávio Inocêncio, alertava num artigo de opinião, publicado o ano passado no VE, de que “o eterno problema das taxas de câmbio fixas é que só funcionam quando os bancos centrais têm reservas suficientes em moeda estrangeira para satisfazer à procura”.

A partir do momento em que os bancos centrais deixam de acumular reservas internacionais em quantidade suficiente para satisfazer a procura, a manutenção dessas paridades deixa de ser possível e foi isso que ocorreu em Angola, considerou o professor.

“O que é surpreendente é ver defensores de uma taxa de câmbio fixa como aquela que foi praticada pelo BNA nos últimos 15 anos (ajustada em diversas ocasiões) sem considerar de forma objectiva os custos de oportunidade de milhares de milhões (ou biliões na designação Anglo-Saxónica) de dólares despendidos pelo BNA para defender uma taxa artificial, valor esse que poderia hoje estar guardado num Fundo de Estabilização ou no nosso Fundo Soberano, se Angola tivesse praticado uma taxa de câmbio mais flexível”, advoga.

Por essa razão, defende Flávio Inocêncio, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm sido muito críticos dessa gestão espartana da taxa de câmbio e esta última instituição, no seu último relatório de Fevereiro, recomenda mais uma vez a adopção de uma taxa de câmbio mais flexível.

Outro aspecto negativo e desvalorizado pelos defensores da taxa de câmbio fixa, segundo o professor, é o facto do preço do kwanza na sua relação com outras moedas ter sido muito alto, o que obviamente “afectou os custos competitivos dos agentes económicos baseados em Angola e criou incentivos para o aumento das importações, porque, com um Kwanza forte, os bens e serviços no exterior se tornam mais baratos”.