BNA deve desvalorizar o kwanza e facilitar acesso a dólar
A consultora BMI Research considera que o Banco Nacional de Angola deve desvalorizar a moeda nacional de forma faseada no final deste ano e alargar o acesso à taxa de câmbio oficial.
“Em Angola, acreditamos que o banco central vai fazer uma série de pequenas desvalorizações do kwanza mais no final deste ano, mas a recuperação dos preços do petróleo vai fazer com que os ajustamentos sejam relativamente limitados no seu âmbito”, lê-se numa nota de análise à política monetária do maior produtor de petróleo da África subsaariana.
No documento, a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora do grupo da agência de 'rating' Fitch escrevem que “com os preços do petróleo a favorecerem a entrada de dólares no país, o BNA deve alargar o acesso à taxa de câmbio oficial, reduzindo a divergência entre as taxas oficiais e as praticadas no mercado negro”.
Os analistas dizem que o BNA preferiu restringir o acesso a dólares, quando podia ter usado parte dos quase 21 mil milhões de dólares em reservas: “Em vez de comer o stock de reservas estrangeiras, que era de 20,9 mil milhões de dólares em Fevereiro, para manter a oferta de moeda estrangeira ao preço da taxa de câmbio oficial, o BNA limitou o acesso sobre quem podia comprar dólares a esse preço, 'empurrando' a procura para o mercado paralelo”.
A recuperação dos preços do petróleo, concluem, “deverá fazer o banco central relaxar os controlos sobre que indústrias podem aceder aos dólares ao preço oficial, o que abrandará a pressão sobre a taxa paralela”.
Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca nacional apenas consegue comprar divisas ao BNA, no caso euros, como explicou na semana passada o governador do BNA.
“Não poderíamos ter o azar de os bancos correspondentes deixarem de fazer operações em euros. E havia este risco. Já perdemos as operações em dólares. Se perdêssemos as operações em euros era uma catástrofe para Angola, porque Angola deixaria de importar medicamentos, alimentação e todos os outros produtos necessários”, explicou Valter Filipe.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana manteve-se inalterada nos 166,737 kwanzas por cada dólar e nos 186,291 kwanzas por cada euro. No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 370 kwanzas.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...