Compromissos de Valor
O último conselho de Thomas Sargent, o Nobel de Economia de 2011, na entrevista desta edição de estreia, resume a razão de fundo que motivou o lançamento deste jornal. “Parte dos trabalhos dos economistas, e também dos jornalistas, é ajudar a identificar essas políticas e advogá-las. Defendê-las”, lê-se no último parágrafo da página cinco. As políticas a que Sargent se refere, no contexto restrito da entrevista, são aquelas que promovem a eficiência económica e combatem as desigualdades sociais. Numa interpretação mais ampla, são aquelas que traduzem qualidade de governação. São as que produzem o progresso económico e social. As que, no fundo, proporcionam a felicidade das famílias, tão almejada por sociedades como a nossa
O VALOR ECONÓMICO surge especificamente com este propósito. O compromisso essencial e único que assumimos com os leitores é claro: fazer jornalismo. E, neste caso, não lhe acrescentamos qualquer epíteto. Porque só é jornalismo, de facto, o exercício que elege o relato e a interpretação da realidade e dos factos, com base nos critérios do rigor e da verdade. O resto é qualquer coisa que se confunde com jornalismo. O resto é a alternativa que recusamos. Rejeitamos, no todo, alguma prática que, infelizmente, vai ganhado espaço, na nossa media, que confunde a função dos jornais com a de uma montra de exibição do elitismo. Declinamos, convictamente, a manipulação gratuita. A conformação com o mais fácil. E a tentação do desrespeito aos leitores pela mentira propositada, muito frequente nas redacções que alienam valores absolutos da profissão, em nome de interesses estranhos ao jornalismo.
É este o nosso compromisso. Alguma dúvida? Voltemos à aula de Sargent e encontramos o esclarecimento. Apenas o jornalismo comprometido é capaz de efectivar a intermediação pura que regula os excessos e os desvios dos poderes. Mas também que contribui para a clarificação de posições e definição de consensos sobre matérias que afectam os interesses comuns. É isso com que verdadeiramente nos comprometemos. E vamos fazê-lo pela apreciação crítica das políticas públicas. Pela divulgação e análise da intervenção dos actores privados. E, claro, pela pluralização de ideias, através da opinião e do debate sobre os grandes temas nacionais.
A presença do Nobel Sargent, em Angola, é uma espécie de pontapé de saída neste sentido. Num momento em que o país se vê a braços com a mais grave crise económica do pós-guerra, nada melhor do que ouvir a experiência externa, tirar dela os ensinamentos possíveis e aplicá-los aos problemas concretos da forma mais adequada. A intervenção dos ‘experts’ nacionais também está salvaguardada. Manuel Nunes Júnior e Armando Manuel dão o exemplo desta vez, juntando-se à conferência que debateu “o crescimento económico em contexto de crise”, em Luanda. Aliás, como lembra oportunamente Sargent, não há quem conheça e descreva a realidade angolana melhor do que os próprios angolanos. Os nossos analistas e estudiosos das ciências económicas têm por isso, neste jornal, um espaço privilegiado para debitarem as suas ideias. Os que pensam sobre questões sociais, políticas, culturais e jurídicas também contam. O convite está formulado. Dos nossos leitores esperamos, claro, leitura e crítica. Estamos juntos.
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