CONTAS NACIONAIS
Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, na última semana, as Contas Nacionais provisórias de 2014 e as preliminares de 2015, um marco histórico do sistema estatístico nacional. À apresentação desses números o INE somou a garantia de estar apto para, a partir de Março, divulgar os dados preliminares das Contas Nacionais por trimestre. Isto significa, desde logo, que, no fim do próximo mês, teremos conhecimento dos resultados preliminares das Contas Nacionais dos últimos três meses de 2016. Consequentemente, nos últimos dias de Junho, estarão disponíveis as Contas Nacionais do primeiro trimestre deste ano e assim sucessivamente. Entre os próximos desafios imediatos, além da apresentação das Contas Nacionais anuais definitivas de forma regular, com o intervalo técnico necessário, o Instituto comprometeu-se a trabalhar de modo a que a segmentação infra-anual das Contas possa ser feita de forma mensal. E mais: com os olhos postos na melhoria da qualidade da informação que processa, o INE espera fazer um ‘upgrade’ no padrão dos manuais que lhe servem de referência, além de ter em vista a actualização do ano base para os cálculos de indicadores, como o produto interno bruto.
Ora, independentemente das questões que se levantem, face à informação produzida pelo INE, não é possível negar que se está em presença da efectivação de um processo de viragem do sistema estatístico nacional. Basta mencionar que Angola passa a ser assim apenas um dos 10 países africanos que produzem Contas Nacionais.
Quem tem a responsabilidade de tomar decisões, especialmente no plano político e empresarial, tem consciência da importância das referências estatísticas que sinalizem as tendências dos principais indicadores da economia no curto prazo. Ao investidor faz, certamente, muita diferença decidir sobre um negócio com base no conhecimento de que, nos últimos três meses, a economia evoluiu de uma certa forma. Assim como para quem governa é sempre mais confortável poder ajustar políticas, conhecendo a realidade dos números sobre os quais decide.
De modo mais alargado, é todo um conjunto diversificado de instituições nacionais e estrangeiras, é todo um país que passa a ter a possibilidade de aplicar a informação fornecida pelas Contas Nacionais aos processos de investigação, de análise e de decisão de forma tempestiva. Até hoje isso não foi possível.
Mas, dito isto, há desafios pela frente aos quais o INE terá de necessariamente dar respostas de forma imediata. O caso do acompanhamento do emprego é dos mais óbvios. Num contexto em que o próprio Governo inclui, no discurso oficial, a promoção do emprego jovem como uma das suas prioridades absolutas, faz falta uma ferramenta que dê informação, a mais oportuna e real possível, sobre o chamado mercado do trabalho. Há, todavia, outras explicações mais densas, quanto estruturais. A discussão cada vez mais frequente sobre a reorientação do ensino às prioridades nacionais passa também pelo dimensionamento do real potencial da economia para a absorção dos recursos humanos que vão ficando disponíveis. Contas feitas, há trabalho feito e há trabalho por fazer. E, mais do que isso, parece haver sobretudo consciência e vontade de se fazer um trabalho cada vez melhor. O que não faltará é tempo para assistirmos ao que o tempo fará.
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