Covid-19 a salvação dos próximos dois OGE?
Numa altura em que se analisa o orçamento revisto de 2020, parece oportuno questionar como serão os dois últimos da actual governação. Restarão os orçamentos de 2021 e o de 2022, este que será o ano das eleições. Ou seja, tratam-se de dois documentos, cujo elaboração, quer se queira, quer não, tem uma certa carga eleitoralista, ou seja certamente vão englobar muitos projectos de rápida execução e pensados minuciosamente na preocupação imediata de agradar o eleitor.
Portanto, a elaboração destes dois documentos certamente seria mais difícil caso a covid-19 não surgisse, trazendo a possibilidade de Angola renegociar as dívidas com alguns dos principais credores e, assim, ganhar algum folego financeiro que permitirá ao MPLA, enquanto partido no poder, elaborar um orçamento mais ajustado ao processo eleitoral.
Um ‘luxo’ a que não se conseguirá dar, por exemplo, se não se confirmar a moratória de pelo menos três anos em relação aos pagamentos devidos à China. Apesar de esta semana a ministra das Finanças, Vera Daves, sublinhar que nada ainda está decidido, tudo indica que sim, Angola irá beneficiar desta moratória para os pagamentos das amortizações e juros à China, que é tão-somente o maior credor do Estado.
O correcto seria aproveitar esta moratória para se fazer ‘um pé-de-meia’ no sentido de, quando se retomarem os pagamentos, estar-se em presença de alguma folga financeira, sobretudo devido as incertezas do mercado petrolífero que continuará ser a principal fonte de financiamento do Orçamento do Estado.
Mas parece existirem poucas dúvidas sobre qual seria a escolha do MPLA perante uma eventual necessidade de escolher entre um orçamento realista, mas que não garantisse a vitória eleitoralista, e um outro que desrespeitando as regras de boa gestão, ignorando as possibilidades e realidades, fosse desenhado para inebriar o eleitorado.
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