Crédito mal parado dispara em 2017
O crédito mal parado que, em 2015, atingiu os 18,2% deve disparar significativamente em 2017 e 2018, antecipa a Economist Intelligence Unit (EIU), a unidade de análise económica e financeira da revista britânica ‘The Economist’, no seu relatório de Dezembro que atribui a notação CC ao risco do sector bancário.
Na avaliação da ‘The Economist’ a “corrupção e a opacidade” na utilização dos recursos do Estado constituem uma ameaça à solvabilidade das contas públicas, colocando o risco soberano de Angola no nível CCC, altamente especulativo no equivalente à classificação das agências de notação de risco.
O relatório da EIU, que coloca igualmente o risco da moeda nacional, no nível CCC, avança que os baixos preços de petróleo desde 2014 levaram ao agravamento da conta corrente e do défice fiscal, além de deteriorarem o rácio da dívida pública, face ao Produto Interno Bruto.
A EIU nota que o Banco Nacional de Angola (BNA) fez desvalorizar várias vezes a moeda nacional, entretanto, até ao momento, não foi bem-sucedido, com o kwanza a manter-se debaixo de uma grande pressão, “reflexo da escassa disponibilidade do dólar norte-americano”. A revista observa, no entanto, que a cobertura das exportações deverá situar-se acima dos cinco meses e antecipa que o aumento do preço do barril do petróleo deverá favorecer mais ajustamentos à taxa de câmbio ao longo de 2017 e 2018. “Mas a taxa de câmbio oficial deverá manter uma diferença substancial, face ao mercado paralelo”, alerta.
Em relação ao sector bancário, a EIU observa que o declínio do preço do petróleo desde meados de 2014 levou à emissão de liquidez em dólares em vários bancos, enquanto a “rápida depreciação” do kwanza acelerava o aumento dos reembolsos dos empréstimos baseados em dólar.
Os analistas britânicos não deixaram de parte a avaliação do cenário político, alertando que um processo de transição menos conseguido poderá levar a um cenário de instabilidade, situação para a qual concorreriam também as medidas de austeridade efectivadas pelo Governo, como reposta à queda do preço do petróleo.
Pelas contas da Econmist Intelligence, que admite a possibilidade do aumento da representatividade da oposição no parlamento, o partido no poder leva vantagem para a renovação da maioria em Agosto, facilitado pela sua sólida base de financiamento e pelas fortes ligações nos negócios.
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