Desmatamento florestal soma e segue
EXPLORAÇÃO ILEGAL. Ministérios do Ambiente e da Agricultura têm 700 agentes para fiscalizar os mais de 2,66 milhões de hectares de florestas, mas a exploração danosa soma e segue.
A luta contra o abate ilegal de árvores virado para a exportação “afigura-se como um novo desafio para o Governo”, aponta o director-geral do Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC), Abias Huongo, para quem essa prática cresceu nos últimos cinco anos, sobretudo, no Kuando-Kubango, Moxico e Cabinda.
Abias Huongo denuncia a devastação das florestas do Leste, “principalmente por angolanos, chineses e congoleses-democráticos” e explica que grande parte da Floresta do Mayombe, do lado do Congo Democrático, está devastada. “Agora os invasores procuram migrar para o lado de Angola, daí a necessidade de reforçar a segurança nas fronteiras, no sentido de estancar esse comércio ilegal para fora do país”, avisa.
Enquanto, nas regiões Leste e Norte, a exploração é mais voltada à exportação, no Centro (Benguela, Huambo, Kwanza-Sul e Malanje), o abate ilegal de árvores é para a produção de lenha e carvão, que tem Luanda, como destino principal. A prática remonta desde a época colonial e envolve, particularmente, as comunidades locais.
Outra preocupação do INBAC são as queimadas de vários hectares de florestas em tempo seco, realizadas por habitantes dessas regiões com o único pretexto de lazer. “Aquilo é como se tratasse de uma actividade tradicional, mas isso impede a regeneração natural da floresta”, nota.
Abias Huongo não precisa os prejuízos do Estado devido à exploração ilegal dos recursos florestais, nem avança o custo dos programas de conservação e protecção deste potencial da natureza, mas revela que, para pôr cobro a situações de ilegalidades, o Ministério do Ambiente criou uma unidade de combate a essas práticas. Como resultado, em 2015 pelo menos 13 pessoas (carvoeiros e madeireiros) foram condenadas, em Cabinda, por exploração ilegal de árvores na Floresta do Mayombe.
Angola tem um potencial florestal na ordem dos 2,66 milhões hectares. A sua protecção e conservação é dá responsabilidade do INBAC (tutelado pelo Ministério do Ambiente) e do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), afecto ao Ministérios da Agricultura. Para fiscalizar os mais de 50 mil hectares de florestas, o INBAC e o IDF contam com cerca de 700 agentes fiscais. As Forças Armadas Angolanas e a Polícia Nacional também têm sido chamadas a apoiar, em situações específicas, a fiscalização das florestas.
Segundo Abias Huongo, está em marcha a realização de um inventário para se precisar o que Angola possui em termos de florestas. O projecto, que tem o apoio do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), começou em 2011e devia terminar em 2014. Apesar do atraso, o director-geral do INBAC garante que grande parte do trabalho está concluída.
JLo do lado errado da história