Dificuldades financeiras podem impedir regresso dos estudantes
CRISE. Laurindo Viagem, líder da Aiespa e na Universidade Católica, adverte que a pobreza agravada pela pandemia pode dificultar o regresso de muitos estudantes.
O presidente da Associação das Instituições de Ensino Superior Privado em Angola (Aiespa), Laurindo Viagem, perspectiva um regresso tímido dos estudantes depois de mais de seis meses de paralisação por causa da covid-19.
As condições financeiras são algumas das razões apresentadas pelo líder associativo que entende que a doença acabou por empobrecer ainda mais as pessoas. “Estamos mais pobres do que antes”, afirma.
O medo da doença e a organização são outros factores que poderão concorrer para o regresso tímido dos estudantes na óptica do também secretário-geral da Universidade Católica de Angola (Ucan), instituição cujos primeiros indicadores, entretanto, contrariam o receio da Aiespa. “Estamos a proceder ao reinício das aulas, ainda não temos dados de todas as instituições”, admite Laurindo Viagem.
Na Ucan, 80 % dos alunos reconfirmaram e, até ao final do mês, a universidade conta chegar, pelo menos, aos 90%.
O secretário-geral da Aiespa reforça, por outro lado, que o valor das propinas deve manter-se “inalterado”. A propina que está a ser paga é aquela que foi autorizada pelos ministérios das Finanças e do Ensino Superior, Ciência Tecnologia e Inovação, ou seja, com um aumento de 13%.
Laurindo Viagem alerta que nenhuma universidade deve alterar o preço das propinas e que as únicas instituições que podem subir os preços são as que não aplicaram o reajuste previsto no decreto presidencial no início do ano académico.
Os estudantes que pagaram uma percentagem das propinas em Abril, Maio e Junho, respeitando a orientação do Governo, terão os valores revertidos para as propinas de Outubro, Novembro e Dezembro. Os que não pagaram nada devem às respectivas instituições.
Com a pandemia, agravaram-se as dificuldades da Ucan, que já está há seis meses sem receitas. “Não está ser fácil, estamos a gerir com muitas dificuldades organizativas e económicas e, apesar de tudo, estamos a trabalhar e vamos continuar em pé.”
As aulas nas instituições de ensino superior públicas e privadas retomaram a 5 de Outubro e devem respeitar ao novo calendário académico 2020, que se iniciou este mês e deve terminar em Julho do próximo ano.
Anep acusa EPL de não pretender custear regresso dos professores
O presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (Anep), António Pacavira, acredita que o real motivo da suspensão das aulas presenciais na Escola Portuguesa de Luanda (EPL) é a “falta de verbas”, para custear o regresso dos professores. “Os professores não querem regressar a Angola e a escola adoptou as aulas online porque fica mais barato e não se paga hospedagem nem nada, visto que a maior parte dos professores se encontra no estrangeiro e depende da instituição para retomar”, admite.
António Pacavira reforça ainda que até mesmo em Portugal, onde tem mais casos que Angola, o ensino é presencial.
Justificando com a pandemia, a falta de condições sanitárias em Luanda e por ter uma aluna infectada, a Escola Portuguesa de Luanda (EPL) resolveu suspender as aulas presenciais a partir desta semana e retomou o ensino à distância. Uma decisão que mereceu críticas oficiais do Ministério da Educação que, em comunicado, atirou todas as responsabilidades da decisão para a EPL, lembrando que a medida “não veicula o Ministério”.
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