Julgamento do ‘caso 500 milhões de dólares’

Directora do BNA garante que a transferência obedecia a regras bancárias

22 Jan. 2020 Valor Económico De Jure

Em mais uma sessão, no Tribunal Provincial de Luanda, a antiga diretora do Departamento de Operações Bancárias mostrou-se convicta que a operação de uma possível transferência dos 500 milhões de dólares, do BNA, cumpriu com as normas bancárias e foi feita dentro da legalidade.

 Directora do BNA garante que a transferência obedecia a regras bancárias
D.R

Ouvida como declarante, Marta Paixão explicou que, depois de receber orientações do Departamento de Gestão e Reservas do BNA, sobre a execução da operação dos 500 milhões de dólares, confirmou, no sistema, que estavam conforme as instruções dadas em papel e percebeu que “não havia irregularidades”.

De acordo com a ex-responsável do BNA, o único receio era a identidade do beneficiário ou da instituição para onde seriam enviados os valores. Era, segundo ela, a primeira vez que tinha contacto com a empresa, enquanto directora.

Os juízes questionaram aa razões para a urgência da operação e, em resposta, a antiga responsável do BNA afirmou que sentiu que a operação tinha um “carácter urgente, porque assim estava estipulado no documento enviado pelo DGR”.

Marta da Paixão explicou que, muitas vezes, o departamento que dirigia recebia instruções do Departamento de Gestão e Reservas, para desencadear negociações de carácter urgente, o que, para ela, “eram normais e deviam ser cumpridas”.

Algumas delas, explicou, tinham datas estipuladas e, devido ao seu carácter, “não se podia perder oportunidades.

Durante a audiência, em lágrimas, a antiga quadro do BNA, actualmente reformada, garantiu que a operação foi feita com “maior sentido de responsabilidade” e “não esperava que no final chegasse ao ponto em que chegou hoje”.

Marta da Paixão assegurou “jamais” ter feito alguma coisa que “pudesse prejudicar a instituição”, justificando que fez questão de “fechar bem” a sua carreira.

Ainda durante a audiência desta manhã, a defesa pediu ao Tribunal que dispensasse como declarantes o actual Presidente da República, João Lourenço, o chefe da Casa Civil do Presidente da República, o chefe da Casa de Segurança e o Director do Gabinete do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, por considerar que as declarações do ex-ministro Arsher Mangueira e do actual governador do BNA, José de Lima Massano, tinham esclarecido todas as questões da defesa.