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Diversificação da economia

01 Jul. 2020 Opinião
Diversificação da economia

O general João Lourenço e o seu elenco executivo fizeram do seu ‘cavalo de batalha’ a diversificação da economia. Esta expressão, “diversificação da economia”, é tão antiga como cheia de ar. E talvez por isso é que não se vê diversificação nenhuma. Ou quase nenhuma. O que se vai vendo é o aparecimento de fundos colocados à disposição de ‘conexões’ do Executivo, muitas vezes ‘a fundo perdido’, sem a produção de quaisquer benefícios tangíveis para o país. Verdade.

Basta olhar para as tentativas de diversificação anteriores. Fizeram-se alguns milionários que esconderam os seus milhões agraciados nos projectos anteriores de diversificação e pouco mais. Eram os dias da criação de uma elite capitalista. E fizeram-se alguns capitalistas sem escrúpulos. E o país continua de tanga.

Mudou-se o líder do pasquim e de novo surge a conversa de diversificação da economia. Só que agora não há fundos disponíveis nos cofres do Estado. E não há por aí muita inteligência para descobrir novas oportunidades. É que quaisquer oportunidades vão requerer muito trabalho e, infelizmente, os laureados para essas novas oportunidades não gostam muito de trabalhar. Existem várias oportunidades, o que é preciso é vontade de trabalhar para avançar com elas.

Hoje, quero falar de uma oportunidade brilhante que o Governo deveria começar de imediato a explorar. Há uns dias, após ver a apresentação da evolução da covid-19 no nosso país, o digno representante da Polícia Nacional brindou-nos com um relatório da actividade de combate ao crime que se verifica um pouco por todo o país. Fez alusão aos contrabandistas de combustíveis ao longo da nossa fronteira norte. Há não muito tempo fez-se notícia dum acontecimento similar na fronteira leste.

Esse contrabando só é feito por duas razões. Primeiro, porque há mercado. Segundo, porque as margens de lucro o justificam. Tendo aqui formulado esta oportunidade, e pensando em diversificação, porque é que não se oficializa o negócio?

Os actuais importadores, a Sonangol Distribuidora, precisam de fazer um estudo do mercado além-fronteiras e passar a importar combustíveis para esses mercados. Em simultâneo, estabeleceriam as condições de armazenamento necessárias junto das fronteiras e, legalmente, exportariam para esses mercados. Esta é uma oportunidade para diversificar a economia como poucas: comércio internacional de combustíveis. Ganhamos uma margem só pelo trânsito do produto pelo nosso país.

Dir-me-ão os sabichões que já se pensou nisso e não se fez nada porque até é um mercado pequeno. Se na realidade for este o caso, há que permitir que os empresários mais pequenos o façam. E se mesmo assim for pequeno, que se legalizem os contrabandistas, obrigando-os a pagar o produto em divisas e com uma margem de lucro aceitável para o importador, bem como a pagarem impostos sobre os lucros, uma vez que deixarão de ser contrabandistas e passarão a ser homens de negócios.

 

 

António  Vieira

António Vieira

Ex-director da Cobalt Angola