Dois anos e nada sobre os Boeings
Nesta semana, completam-se dois anos desde que o Presidente João Lourenço decidiu cancelar a decisão de reforçar a frota da Taag com a aquisição de 17 aeronaves entre Boeings e Bombardiers.
Passavam-se apenas quatro meses desde a decisão de comprar as referidas aeronaves. E, por culpa também de decisões anteriores, o Preside da República deu motivos para reforçar as suspeitas de que alguma coisa não estava a correr bem na sua equipa. Não era a primeira vez que João Lourenço recuava de decisões pouco tempo depois de tomadas. As exonerações prematuras são o melhor exemplo disso.
Voltando às aeronaves, o tempo foi passando e ficando mais claro que, das duas uma: ou o Governo não sabe o que pretende ou esconde a real razão que motivou a aprovação do reforço da frota e, posteriormente, o cancelamento da decisão. E, passado mais alguns meses, uma nova postura estranha.
O Governo avança para a compra das aeronaves da Bombardier mas, contrariamente ao que aconteceu com as decisões anteriores, já não houve qualquer despacho oficial. Optou pelo método da suposta especulação, seguindo-se confirmações oficiosas e, posteriormente, o anúncio da chegada dos aviões.
Em relação aos Boeings, a dúvida continua porque o Governo continua mudo. A construtora norte-americana, no entanto, garante que continua a construir as aeronaves porque nunca recebeu qualquer notificação oficial no sentido de cancelar a encomenda das oito aeronaves.
Uma trapalhada difícil de entender e que já deu lugar a diversas interpretações, mas todas ignoradas pelo Governo como se o negócio em causa fosse da esfera privada dos governantes. Não é. E, ainda que fosse, existem situações e momentos em que estes, enquanto gestores públicos, estariam obrigados a prestar esclarecimentos.
É, entretanto, o negócio de interesse público. São milhões em jogo. Ainda que se mantenha o cancelamento, o Estado deve perder, no mínimo, 50 milhões de dólares. Portanto, por tudo isso, o Governo deve explicações. Oportunidades não faltaram.
O Ministério dos Transportes comemorou em Janeiro 45 anos de existência, o ministro discurso e nada sobre os Boeings. Está errado. Expliquem-nos sobre os Boeings e todas as outras situações semelhantes. Ainda há tempo de fazer justiça ao slogan de transparência que muito foi entoado no princípio da governação de João Lourenço.
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