E se não gastasse aquele dinheiro…

22 Apr. 2020 César Silveira Opinião

E se não gastasse aquele dinheiro…

Quantos de nós já não nos teremos arrependido por esbanjar o muito que acreditávamos ter, quando, já com os bolsos vazios, nos deparamos com um acontecimento inesperado, levando as mãos à cabeça?

Em muitos casos, o arrependimento acontece pouco tempo depois da ‘brincadeira’ de se ser rico. Uma doença, uma necessidade doméstica até então desconhecida ou outra qualquer incomparavelmente mais importante do que o momento vivido com o esbanjamento.

“E se não gastasse aquele dinheiro…”, muitos interrogam-se. Outros, os que têm algum senso de responsabilidade (apesar de tudo), sentem-se envergonhadas e tentam encontrar uma solução. Entre estes e outros sentimentos que tomam conta de qualquer ser comum, nesses momentos, gostaria de saber qual deles vai na mente dos nossos governantes que, há bem pouco tempo, esbanjaram em viagens e outras despesas supérfluas, ignorando os alertas para uma melhor gestão das despesas públicas.

O preço do petróleo permitia colher algum adicional, face às projecções do Orçamento, provocando a ilusão aos decisores de que a CRISE não passava de um simples SUBSTANTIVO que seria usado para se justificar ao povo o que não se estava a fazer, mas também para levar o povo a ‘apertar ainda mais o cinto’.

Hoje, por culpa da queda do preço do petróleo, dão sinais de que, definitivamente, caíram na real, admitindo que estão em crise. Admitem ter atingido o estágio do “E SE NÃO GASTASSE (MOS) AQUELE DINHEIRO…” com viagens, muitas viagens desnecessárias ou com compras desnecessárias, como a aquisição da PT Ventures pela Sonangol para reforçar a posição na Unitel e mais e mais!

Mas só chega ao estágio de arrependimento e reconhecimento da necessidade de mudança quem tenha, não apenas capacidades para mudar, mas sobretudo bom senso para o fazer.

Oxalá seja este o caso do nosso Governo. Oxalá esteja o Governo a reconhecer que esbanjou e que precisa fazer diferente na primeira oportunidade que tiver de voltar a receber mais dinheiro do que o projectado no OGE.

 

César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico