ANGOLA GROWING
DEPOIS DO FIM DO PROGRAMA QUE CONSUMIU 55 MIL MILHÕES KZ

Empresários exigem contas do ‘Angola Investe’

FINANCIAMENTO. Principais associações empresariais convergem sobre a necessidade de revisão do Programa ‘Angola Investe’. Mas não concordam com o seu fim, porque o país deixa de ter um programa de financiamento ao empresariado. 

 

Empresários exigem contas do ‘Angola Investe’

A Associação dos Industriais de Angola (AIA), liderada por José Severino, e a Confederação Empresarial de Angola (CEE), presidida por Francisco Viana, aplaudem a revisão do ‘Angola Investe’ e entendem que o Governo deve tirar ilações dos seus erros, justificando que nunca faltaram contribuições empresariais na elaboração dos programas económicos.

Para Francisco Viana, antes da tomada de a decisão do encerramento, o Governo “devia pedir contas a quem recebeu dinheiro”. O líder empresarial afirma ter conhecimento de quem, “por tráfico de influências, recebeu e não aplicou” os recursos, havendo “honestos que investiram, mas que, a dado momento, precisavam de reforço”.

José Severino também admite ter conhecimento de “muitos créditos concedidos que não terão sido bem utilizados” e, por isso, adverte que, no próximo programa, seja necessário “analisar bem as candidaturas”. Para o presidente da AIA, a crise também elevou os custos, com o agravante de muitos beneficiários ainda alocaram parte do dinheiro para a construção de infra-estruturas que deveria ser “tarefa do Estado” e “ficaram pelo caminho porque não se amortizam estradas com a venda de couves”.

CASOS DE SUCESSO

Em Benguela, pelo menos, três empresas beneficiaram do crédito. Uma dessas foi a MGF, indústria gráfica e de prestação de serviços publicitários. A responsável, Malanie Ligeiro, recusou-se a revelar os valores que recebeu, mas garante estar a “trabalhar em publicidade”.

Na Huíla, a empresa de construção civil Dancanjo recebeu 102 milhões de kwanzas e os gestores asseguram que o negócio “está a dar passos, apesar das dificuldades que o país enfrenta”.

A Palm Confecções é uma das empresas de sucesso financiadas pelo Angola Investe. Apesar de estar a funcionar a 20% da capacidade instalada, emprega 250 funcionários e, antes da crise, chegou a ter 520.

Há pouco menos de duas semanas, a Comissão Económica do Conselho de Ministros decidiu acabar com o programa Angola Investe, depois de consumir 55 mil milhões de kwanzas, em 515 projectos. O Governo pensa agora noutro programa, como avançou à Angop o secretário de Estado da Economia, Sérgio Santos. O novo programa de financiamento ao empresariado deverá ser conhecido entre Dezembro deste ano e Janeiro do próximo.

O programa Angola Investe foi criado pelo Governo para apoiar e financiar projectos de investimento a micro, pequenas e médias empresas, sendo operado por bancos nacionais e coordenado pelo Ministério da Economia e Planeamento, em parceria com o Fundo de Garantia de Crédito.