Empréstimos à economia no BPC mais vigiados
BANCA. Pedir crédito no BPC passará a depender do visto da administração, que já anunciou ‘controlo cerrado’ à equipa de crédito e aos que recebem empréstimos. Objectivo é fazer render o dinheiro dos aforradores e controlar aplicação dos empréstimos.
As novas regras de concessão de crédito no Banco de Poupança e Crédito (BPC) vão incluir, já a partir deste trimestre, controlo directo da administração e responsabilização do pessoal da área no processo de saída do dinheiro, revelou o presidente da comissão executiva da entidade bancária estatal, Zinho Baptista.
Depois de, no ano passado, ter anunciado a retoma do crédito, a administração do maior banco comercial angolano em activos avisa que, dentro de dias, serão tornadas públicas as novas regras para a concessão do crédito no banco. Mas, para já, fica a garantia do envolvimento da administração no processo.
“Trata-se de regras que impõem a responsabilização dos actores diferentes das que existiam. Tudo para que o aforrador (investidor), que coloca o dinheiro no banco, e o tomador (que beneficia do valor cedido) usem esse bem de troca de forma correcta”, justificou Zinho Baptista.
As novas regras a que se refere o responsável foram anunciadas, há duas semanas, em França, quando o gestor acompanhava o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, numa das suas missões de recuperação da imagem da banca ao sistema financeiro internacional, e estão reproduzidas numa nota, no site do banco. Além do controlo da aplicação das verbas por via do crédito, o banco tem também, nos planos, a redução dos níveis de crédito malparado, que já obrigou o Estado a duas recapitalizações, através de emissões de títulos e linhas de créditos do Banco Africano de Desenvolvimento.
“Estamos a trabalhar para que o crédito seja um facto, mas, de maneira diferente, inclusive na responsabilização dos actores desse processo”, sublinhou Zinho Baptista, apontando para os procedimentos de concessão de crédito, que devem ser anunciados antes do fim do primeiro trimestre.
Esta era também a estratégia de Paixão Júnior, gestor que mais tempo esteve à frente do BPC. Paixão Júnior, que deixou o banco com uma redução nos lucros de 6,9% e mais de 90 insuficiências no controlo interno, em 2015, previa aperfeiçoar, no quadriénio 2015-2018, os “mecanismos para a captação de recursos, melhorando os níveis de liquidez da instituição”.
A previsão da nova administração é que a retoma do crédito aconteça antes do fim do primeiro trimestre deste ano, mas o processo fica dependente da conclusão do processo de reestruturação da instituição. Tão logo o trabalho esteja concluído “daremos a conhecer os critérios que o BPC desenhou para que os cidadãos e as empresas acorram a esse produto bancário”, garante Zinho Baptista.
“Um banco comercial existe para conceder crédito, se fica sem conceder crédito, então, não existe”, considerou, à margem de um encontro com parceiros estrangeiros e demais bancos correspondentes franceses.
REESTRUTURAÇÃO PROSSEGUE
A nova gestão do BPC diz-se também “preocupada” com a actual situação da banca nacional, pelo que já incluiu, no seu programa de reestruturação, a ‘matéria’ sobre “adequação às regras internacionais de boas práticas de gestão corporativa”, sobretudo às ligadas ao “‘compliance’ ou normas de conformidade”.
“O complience joga um papel fundamental na monitorização e validação das operações bancárias que decorrem nas diferentes instituições. E nós, Angola, também temos uma quota-parte”, reconheceu o gestor, apelando à mudança de postura da banca nacional em matéria de transparência nas operações.
Zinho Baptista admite que, no BPC, “passam várias operações, muitas conotadas como suspeitas ou até mesmo não autorizáveis”. “É preciso passar a ideia que, em Angola, também se cumprem regras. Mas, à semelhança de outros países, existem aqueles que não cumprem os preceitos legais, o que não quer dizer que o país esteja em desordem”, explica o gestor.
PAPEL-MOEDA DEVE SER REDUZIDO
Como forma de concretizar os desafios do ‘compliance’, Zinho Baptista sugeriu a redução do uso do papel-moeda que pode ser substituído por cartões de pagamentos, sejam os da rede Visa, ou da rede Multicaixa, controlada pela Emis. “Um indivíduo com excesso de notas à sua disposição poderá usar este dinheiro para caminhos não muito aconselháveis”, rematou Zinho Baptista.
Actualmente, o conselho de administração do BPC é composto por 12 elementos, incluindo a presidente do conselho de administração e 11 administradores, entre executivos e não executivos. Os dados sobre o quadro de funcionários são ainda da ‘Era Paixão Júnior’, que, até 31 de Dezembro, comportava um total de 5.339 colaboradores, segundo o último relatório sobre Auditoria e Controlo Interno do banco.
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