ANGOLA GROWING

ESCLARECIMENTOS

Na última sexta-feira, 2 de Setembro, o VALOR foi alvo de um desmentido da Sonangol, a propósito de uma matéria publicada na edição número 23, de 22 de Agosto. O ortigo, objecto do comunicado da petrolífera pública, reportava uma dívida de cerca de 1,2 mil milhões de dólares da empresa estatal junto do Banco Millennium Atlântico, através da Sonangol Holdings, a sua gestora de participações. No comunicado, repetido por alguma imprensa, a petrolífera optou deliberadamente por ocultar o nome do órgão que divulgou a matéria. Por isso, e antes de mais nada, voltamos a esclarecer. Foi o jornal Valor Económico que trouxe a informação à estampa. Mas vale a pena acrescentar outro esclarecimento. O jornal só não pôde reagir no seu último número, de 5 de Setembro, porque, infelizmente, a edição impressa já estava fechada no momento em que os portais começaram a divulgar o comunicado da petrolífera pública. Claro que fica, automática e paradoxalmente, explicado que ao jornal que divulgou a matéria contestada não foi enviado o comunicado.

Desmanchemos agora os factos. Sugerir que o jornal teria simplesmente inventado os números, para embarcar na especulação gratuita, é, no mínimo, surreal, na ausência de outro adjecivo. Rotular o jornal, com epítetos de falta de rigor, é, pelo menos, grosseria, para não dizer irresponsabilidade.

Está tudo mais do que claro. Como refere a matéria do dia 22 de Agosto e como reitera o texto desta edição (na página 17), o jornal teve acesso a relatórios do banco. Está na posse desses documentos. Trata-se de documentação oficial, com a assinatura de vários responsáveis da instituição bancária. Mas, ainda assim e precisamente pelo rigor que por simples soberba não nos é reconhecido, contactámos a Sonangol, antes de divulgar a notícia. Demos a conhecer que tínhamos os dados e que precisávamos dos comentários da petrolífera pública. Em troca, não nos chegou qualquer resposta. O porquê só a própria Sonangol pode esclarecer. Mas não foi apenas isso. Outras instituições interessadas na matéritambém foram contactadas. A atitude foi a mesma. Escusaram-se, no todo, a comentar os factos. Por razões, mais uma vez, que não nos cabe explicar.

Há mais. O rigor que, por mera altivez, não nos é admitido é o mesmo que nos levou a olhar para o manancial de informação na nossa posse e, através de critérios editoriais, divulgar apenas o que julgamos de interesse público. E sobre este ponto específico – o do interesse público – declinamos qualquer debate com qualquer um em quem não reconhecemos o mérito da causa. Incluindo com alguns congéneres que manipulam o espaço da filosofia editorial, para confundir o exercício da intermediação jornalística com a inebriação elitista. Para o nosso entendimento, quaisquer factos relevantes que digam respeito à saúde ou aos negócios de qualquer instituição com pertinência económica, política ou social farão sempre parte da esfera do interesse público. Não interessa que a instituição seja pública ou privada. E isto não quer dizer outra coisa, senão exercício do jornalismo. Apenas isso. É assim que se faz. Somos um jornal de uma única causa. A causa do jornalismo. O resto é imaginação de cada um.