Estará a Unitel a preparar o caminho para Africell liderar o mercado?
A decisão de Isabel dos Santos deixar a administração da Unitel, sobretudo as razões evocadas, motivam questionar se os accionistas da operadora, da qual a Isabel dos Santos é parte, estão avisados sobre a necessidade de se preparem para uma maior concorrência com a entrada no mercado da Africell.
Os desaguisados entre os accionistas indiciam que os mesmos ignoram total e absolutamente a possibilidade de perderem o actual estatuto de número um do mercado da telefonia móvel.
Estando a Africell apenas no princípio do investimento para se instalar no país, pode parecer faltar muito para que a mesma venha eventualmente liderar o mercado. Pode parecer uma análise precipitada. A verdade é que este caminho pode tornar-se curto, dependendo de como a concorrência se vai posicionar.
E o facto de os accionistas da Unitel estarem cada um a remar para uma direcção pode fragilizar aquela que, à priori, seria a companhia mais difícil de ultrapassar pela Africell. Além disso, a companhia de origem gambiana, uma vez instalada no país, posicionar-se-ia como um potencial comprador da participação de 50% pertencentes a Sonangol e que são para vender no âmbito do programa de privatização.
É certo que os outros accionistas teriam direito de preferência, mas se o negócio avançasse violando-se esta cláusula, criando mais um conflito entre os accionistas, não seria a primeira vez. Foi assim quando a Portugal Telecom passou os seus 25% à brasileira Oi e voltou a ser assim no negócio que permitiu a Sonangol ficar com os 25% que estavam sob controlo da Oi.
Portanto, não seria novidade se a Sonangol, ignorando o acordo parassocial, vendesse os seus 50%, ou parte, à Africell. Não seria surpresa, sobretudo se se manter a relação actual entre a Sonangol e os outros accionistas, sobretudo Isabel dos Santos. A empresa pública certamente preferirá negociar com a Africell do que com os outros accionistas.
Portanto, pior do que a possibilidade dos accionistas da Unitel estarem a estender o tapete vermelho para o desfile de um concorrente, é a possibilidade de o mercado das telecomunicações vir a ser dominado por uma empresa de capitais estrangeiros correndo todos os riscos inerentes.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...