FMI alerta para "subida dramática" dos riscos económicos em Angola
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta segunda-feira que os riscos económicos em Angola "aumentaram de forma dramática", mas considerou que o empenho das autoridades deverá garantir que o programa de ajustamento continue no rumo certo.
"Os riscos subiram dramaticamente, mas a resposta política forte das autoridades e a perseverança na implementação das reformas vai ajudar o programa a manter o rumo", lê-se na terceira avaliação detalhada ao programa de ajustamento financeiro de Angola.
"A determinação do Governo em atacar a crise de frente a o apoio financeiro internacional significativo, através do aumento do empréstimo, a iniciativa da suspensão do serviço da dívida e a reestruturação da dívida, são críticos para manter o programa no rumo certo", apontam os técnicos do FMI no documento que dá conta do desempenho do país de Dezembro de 2019 a Junho deste ano.
Para o FMI, Luanda tem conseguido manter uma política orçamental prudente e avançar com a gestão da dívida e das reformas, tendo conseguido também "um equilíbrio entre as políticas cambiais e monetárias face ao impacto económico da pandemia de covid-19".
A implementação das reformas estruturais, entre as quais o FMI salienta o programa de privatizações, "vai ajudar a diversificar a economia e melhorar as perspectivas de crescimento potencial, enquanto a nova rede de segurança vai melhorar as dificuldades para os mais vulneráveis".
Nas recomendações à administração do FMI, os técnicos aconselham a aprovação da terceira avaliação, o aumento do montante do programa para cerca de 4,5 mil milhões de dólares, a reprogramação dos pagamentos ao FMI e modificações às metas dos programas, que "foi cumprido de forma geralmente satisfatória".
O programa de assistência financeira do FMI, concluem os analistas, "continua a ser um instrumento de forte vinculação, enviando um sinal positivo para os agentes económicos e ajuda a garantir o apoio dos doadores".
O conselho de administração do FMI aprovou, na quarta-feira, o pedido de Angola para o aumento da assistência financeira, desembolsando de imediato mil milhões de dólares e elevando o total do programa para quase 4,5 mil milhões de dólares.
"A decisão do conselho de administração permite um desembolso imediato de mil milhões de dólares para Angola e um aumento de cerca de 765 milhões de dólares até ao fim do programa", para quase 4,5 mil milhões de dólares, anunciou então o FMI.
No comunicado de imprensa que acompanha o anúncio, o FMI explica que esta terceira avaliação positiva da ajuda financeira dada ao abrigo da Linha de Financiamento Ampliada (Extended Fund Facility, no original em inglês) permite o desembolso de mais mil milhões de dólares, perfazendo cerca de 2,5 mil milhões de dólares já entregues desde a assinatura do acordo, a 7 de Dezembro de 2018.
O acordo tem como principais objectivos "restaurar a sustentabilidade externa e orçamental, melhorar a governação e diversificar a economia, para promover o crescimento económico sustentável, liderado pelo sector privado".
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